TECNOLOGIA Investimento de R$ 300 milhões em submarino com casco de titânio (Crédito:Divulgação)

Foi uma das maiores façanhas marítimas dos últimos tempos. O milionário e aventureiro americano Victor Vescovo, 55 anos, conseguiu descer a bordo de um mini-submarino de titânio ao mais profundo naufrágio conhecido: o do destróier americano USS Johnston, afundado pelos japoneses, há 76 anos, durante a Segunda Guerra Mundial. O navio está depositado a uma profundidade de 6.456 metros no mar das Filipinas e, até agora, nunca havia sido alcançado. Vescovo, responsável pela missão e fundador da Caladan Oceanic, empresa especializada em ações de alto risco, é um aventureiro dedicado a conhecer as profundezas do planeta e mergulhou até o USS Johnston no final de março. Ele comemorou a conquista e se surpreendeu com o estado de conservação do destróier, com 115 metros de comprimento. Dois terços da frente da embarcação estão em pé e intactos, a proa e o casco seguem preservados e, incrivelmente, também há duas torres de canhão e diversos torpedos inalterados. O navio afundou na violenta batalha do Golfo de Leyte no confronto com o navio Yamato. Dos seus 327 tripulantes, apenas 141 sobreviveram.

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DESCOBERTA Bom estado do navio superou expectativas (Crédito:Divulgação)

Para a realização da missão foi necessária uma longa preparação e um investimento privado em equipamentos de alta tecnologia. A construção do mini-submarino DSV Limiting Factor, que tem casco de titânio com 9 centímetros de espessura, custou ao milionário cerca de R$ 300 milhões, o que, segundo o professor do Instituto Oceanográfico da USP Marcelo Melo, valeu a pena, já que a visita ao USS Johnston foi uma conquista de excelência. “Foi como encontrar uma agulha no palheiro”, afirma. O professor explica que há dois tipos de submarinos, os tripulados e os robôs, guiados por controle remoto. No caso do DSV, que é tripulado, há uma tecnologia muito parecida com uma cápsula espacial. Na parte interna, ele precisa de uma célula com alta resistência à pressão, na qual ficam os pesquisadores, os cilindros de ar comprimido para manter o ar respirável, os computadores e os equipamentos para controle do submarino.

Em 2019, Vescovo foi a primeira pessoa do mundo a visitar os pontos mais profundos de todos os oceanos. Ele fez mergulhos na Fossa das Marianas, no Pacífico, a 10,9 mil metros de profundidade, no Índico, no Atlântico e no Antártico. O quinto mergulho foi na Fossa de Molloy, no Ártico, a 5,5 mil metros. Vescovo e sua equipe também fizeram uma expedição no naufrágio do Titanic. A missão que agora alcançou o USS Johnston, além de contar com equipamentos técnicos de última geração, foi impulsionada fortemente pelo espírito aventureiro de seu líder. E com sua nova conquista, Vescovo se consagra como o verdadeiro senhor das profundezas.