Pode-se indagar o que levou nos EUA o Partido Republicano, fundado por Abraham Lincoln, a ter entre seus líderes, após cento e sessenta e sete anos de sua formação, gente autoritária, agressiva e desrespeitadora da lei, a exemplo do ex-presidente Donald Trump. A resposta é simples: ir aceitando na legenda, cada vez mais, radicais de extrema-direita, donos de um ideário muito diverso do conservadorismo e liberalismo que a originaram — e o próprio Trump é um desses radicais. Na terça-feira 9, o Senado aprovou por cinquenta e seis votos a quarenta e quatro a constitucionalidade do processo de impeachment contra Trump — e, nesse placar, tem seis votos de republicanos que desejam que a sigla retome os seus princípios e abandone os extremismos. Com a decisão, Trump tornou-se o primeiro presidente a sofrer processo de impeachment já fora da Casa Branca, e a acusação que pesa contra ele é a de ter animado a insurreição contra o Capitólio, quando da certificação de Joe Biden. O impeachment é defendido de forma justa pelos democratas, mas dificilmente acontecerá (“as questões políticas são sérias demais para serem deixadas nas mãos dos políticos”, dizia Hannah Arendt). Como são precisos dois terços dos votos, e o Senado se divide em cinquenta parlamentares de cada partido, se fazem necessários mais onze votos (que teriam de sair das fileiras conservadoras) para que Trump seja condenado e se veja impedido de concorrer à presidência do país nas próximas eleições. Mas, ainda assim, mesmo sem a apoteose do impeachment, somente o aval para o processo seguir adiante já é um triunfo da democracia. É a própria tradução dos versos de Amanda Gorman, a “magrela e negra de 22 anos” que homenageou Joe Biden com um poema, referindo-se à gestão do antecessor: “mesmo enquanto sofríamos, crescíamos; mesmo cansados, tentávamos”.

MEIO AMBIENTE
A arte como protetora do mar

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A cidade de Cannes, na Riviera Francesa, é mais que famosa devido ao seu festival internacional de cinema. Agora ela acaba de entrar para o seleto clube dos locais que possuem museus subaquáticos. A ideia e execução da obra é o do arquiteto inglês Jason Decaires Taylor, e o seu trabalho se traduz como sendo o primeiro parque mundial de esculturas mergulhado no mediterrâneo, apresentando aos visitantes uma coleção de seis retratos tridimensionais — cada um deles pesando aproximadamente dez toneladas e com seis metros de altura. Para admirá-los tem-se de mergulhar numa profundida de pelo menos cinco metros.

Em nome das águas

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Jason Taylor quer alertar as nações sobre a necessidade de o mar ser tratado como uma frágil biosfera, carecendo sempre de proteção.

BRASIL
Jair Bolsonaro desmoraliza Jair Bolsonaro

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Isso é que é um presidente de opinião. Em janeiro do ano passado, José Vicente Santini (foto), então secretário executivo da Casa Civil, foi flagrado usando um avião da FAB para ir à Índia. Jair Bolsonaro, o presidente de opinião firme, o exonerou e o chamou de “imoral”, considerando o episódio “inadmissível”. De repente, eis Santini de volta, nomeado por Bolsonaro para ser o número dois do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Pedro Cesar de Souza. Como o ministro deve dedicar o cargo em breve, tem-se Santini ascendendo a titular da pasta.