Para o bem de um Brasil no qual cresce o número de idosos que adoecem sem rendimentos para comprar sequer um esparadrapo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a sua argumentação rasteira perderam na questão sobre a cobertura de planos de saúde. O Senado, embora com o plenário praticamente vazio, aprovou o projeto de lei que obriga as operadoras a arcarem com tratamentos que não constem do rol estabelecido pela ANS: é o fim da camisa de força do rol taxativo, que deixava usuários sem possibilidade de receber procedimentos que não constassem dessa lista, conforme determinação do STJ. Agora, o plano será obrigado a fornecer todos os serviços, desde que eles apresentem comprovação científica. Voltemos, aqui, ao argumento lugar-comum de Queiroga: diz ele que o custo será repassado ao conveniado. Pois bem, é justamente ao ministro e aos órgãos reguladores que competem não deixar que isso ocorra. O projeto de lei que fez renascer o rol rotativo seguiu para sanção presidencial – a expectativa era a de que o Planalto se manifestasse até a sexta-feira 2. Entende-se, numa economia quebrada como a nossa, que operadoras reclamem da queda de seus lucros – afinal, são empresas e é justo que ajam com tal racionalidade. Mas também é preciso levar em conta, dentro dos contornos da mesma economia, que não é luxo, mas sim direito, um doente que pague as mensalidades poder tratar-se. Ambos os lados, operadoras e usuários, têm razão nesse intrincado impasse que está longe de chegar ao fim.

+ Rol taxativo: os planos de saúde somente cobrem procedimentos que estão previstos pela ANS
+ Rol exemplificativo: a lista da ANS é apenas uma base. Demais tratamentos têm igualmente de ser cobertos desde que prescritos por médicos e demonstrada a sua eficácia

48 milhões de conveniados estão sem tratamento após a determinação do STJ de fazer valer o rol taxativo da ANS. A expectativa é de que tal situação se reverta com a sanção do Planalto ao retorno do rol exemplificativo aprovado pelo Senado. As operadoras podem ingressar na Justiça

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Direitos humanos
Os EUA têm de ser condenados pela morte do brasileiro Kesley Vial

Matt York
OMISSÃO Kesley Vial e o centro de detenção onde ele morreu no Novo México: descaso com os imigrantes

O jovem brasileiro de 23 anos Kesley Vial morreu na semana passada em um centro norte-americano de detenção para imigrantes ilegais. Estava nesse lugar, no estado do Novo México, há quatro meses. Não resta a menor dúvida de que os EUA têm de responder por esse crime perante cortes internacionais – Kesley foi detido com vida e em plena saúde, ficou sob a guarda do Estado americano e, nessa situação, morreu. Basta isso para que o governo federal seja civilmente responsabilizado, mas o caso vai além: o Centro de Detenção do Condado de Torrance, para onde Kesley foi levado após ser detido pela Guarda da Patrulha de Fronteiras de El Paso, no Texas, acumula denúncias de maus-tratos feitas por órgãos de direitos humanos de diversos países. Segundo Rebecca Sheff, advogada da União Americana pelas Liberdades Civis, o jovem se suicidou. Esse fato não diminui – provavelmente agrava – a culpa da administração federal pela negligência em relação àqueles que estão em sua custódia. Precisou que um brasileiro perdesse a vida para que o governo providenciasse, na quarta-feira 31, a remoção dos imigrantes lá internados.

CORRIDA PELO VOTO A Justiça Eleitoral totalizou e divulgou na semana passada o número de candidatos inscritos, referente ao Poder Legislativo e aos governos estaduais, para as eleições do mês que vem.

Rovena Rosa/Agência Brasil

10.456 candidatos a deputado federal
592 candidatos às Câmaras Distritais
236 candidatos ao Senado
233 candidatos a governador