11/12/2020 - 9:30
O novo ministro do Turismo, Gilson Machado, é mais um exemplo de que a amizade do presidente Jair Bolsonaro conta bem mais do que uma qualificação técnica. Além de possuir uma pousada na praia de São Miguel dos Milagres, em Alagoas, o novo titular da pasta nunca havia apresentado ligação com a área ou capacidade que pudesse alçá-lo a esse cargo – ou a qualquer outro que ocupou desde que entrou no governo. Até 2018, o ponto alto do seu currículo era ser o sanfoneiro da Brucelose, banda pernambucana de forró. Além de companheiro do presidente Bolsonaro em pescarias, Machado é próximo dos filhos Zero Um, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), a quem chama de irmão, e do Zero Três, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Foi secretário de Ecoturismo e secretário de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Ricardo Salles. Assumiu então a direção da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), cargo com status semelhante ao do então ministro Marcelo Álvaro Antônio, a quem veio a substituir. Era notório que o agora ex-ministro invejava a intimidade de Machado com os Bolsonaro.
O novo ministro do Turismo, porém, não é um bom gestor nem à frente de sua própria pousada. Em 2016, chegou a ser autuado por descumprir determinação de um plano que protegia a desova de tartarugas.
O analista ambiental Iran Normande, responsável pela autuação, foi exonerado. Em março, o ICMBio extinguiu a multa. Machado é famoso por defender a liberação de cassinos e resorts em áreas de proteção ambiental e por ter tentado ajudar na criação frustrada do partido Aliança. Nos bastidores, sugere-se que ele é “titular com jeitão de interino” e sua presença no ministério deve ser tão rápida quanto suas apresentações nas lives do presidente, onde costuma tocar sanfona. A mais memorável foi a versão de “Ave Maria”, em junho, em homenagem às vítimas da pandemia, que chegavam então a 55 mil mortes.
