Os mais antigos dizem que resultado de eleição e mineração, só depois da apuração. Ou seja, não dá para cantar vitória antes. Lula, como velha raposa da política que é, vinha dando esta eleição como favas contadas. Chegou a ter quase 20 pontos à frente de Bolsonaro, mas o problema é que o capitão vem encurtando a diferença e o pânico está batendo às portas do PT.

Desde que a atual pré-campanha começou, ainda no ano passado, o petista lidera todas as pesquisas de intenção de voto e isso deixou os petistas, sobretudo Lula, de salto alto, acreditando que a disputa já estava sacramentada. A ansiedade do PT aumentou na medida em que o ex-presidente atingiu o patamar dos 47% nas pesquisas, com a possibilidade de somar 51,6% dos votos válidos e vencer ainda no primeiro turno, segundo o Datafolha. A partir daí, intensificou a cooptação das lideranças dos partidos que fazem oposição a Bolsonaro — e que, nesta altura, são a grande maioria do arco partidário — para envolvê-las em seu projeto de derrotar o capitão já no próximo dia 2 de outubro.

E não poderia ser diferente, graças às sandices que o mandatário fala, aos atos antidemocráticos que promove e ao golpe que insiste em arquitetar, à revelia do Estado de Direito e da Constituição. O problema é que os bilhões do orçamento secreto e da compra de votos com as benesses eleitoreiras está mudando o quadro. Essa imoralidade bolsonarista será suficiente para reverter a vantagem nas pesquisas? Faltam 50 dias para o pleito.

Nessa cruzada para impedir a virada do capitão, o PT já conseguiu a adesão de nove partidos, além do assédio escandaloso que faz em torno de lideres do MDB e PSDB que estão com Simone Tebet e do União Brasil e do PSD, a quem Lula vem oferecendo mundos e fundos. A André Janones, ofereceu a presidência da Câmara.

Na verdade, os lulopetistas ainda não esqueceram do salto alto na campanha de Lula em 1994, que o levou a perder uma eleição “ganha”. Só para lembrar, em junho daquele ano, o petista também tinha a possibilidade de levar no primeiro turno, mas aí a história colocou em seu caminho Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que como ministro da Fazenda de Itamar, e com a ajuda de economistas brilhantes, implantou o Plano Real.

O tucano saiu de 4% e venceu no primeiro turno. O tombo do PT foi enorme. Em maio de 1994, Lula tinha 23 pontos a mais do que FHC (40% a 17%). O petista teve que “desconvidar” um monte de gente que já havia “nomeado” para o novo governo. Ninguém do centro democrático deseja a virada de Bolsonaro, por óbvio, mas a torcida é para que tanto Lula como Bolsonaro caiam o suficiente para que Simone Tebet possa ocupar o lugar de um dos dois, vá para o segundo turno e torne-se presidente, mas ninguém vence nada na véspera.