A mentira cansa quem escuta, e isso acontece logo na primeira inverdade. Mas quando o mentiroso insiste em repeti-la, até ele próprio pode cansar-se dela. Olhemos para Sérgio Cabral. Jurava inocência, mas na semana passada bateu-lhe a canseira e ele teve um rompante de honestidade – se está sendo sincero ou não, o futuro dirá. Pela primeira vez o ex-governador do Rio de Janeiro admitiu à Justiça que, de fato, embolsou uma dinheirama em propinas. Apontou Régis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil, como coordenador da roubalheira, e denunciou, entre outros, o ex-secretário da Saúde Sérgio Côrtes, o ex-governador Luiz Fernando Pezão, o empresário Eike Batista e até a Igreja Católica – conjecturando que o cardeal-arcebispo dom Orani Tempesta “tinha interesse” nas ilicitudes (nesse ponto, foi longe demais). Ele assegurou que nada passou pela pasta da Saúde sem gatunagem e confessou que manteve no exterior US$ 100 milhões. O empresário Arthur Soares, apelidado “Rei Arthur”, de acordo com Cabral esteve envolvido em toda a corrupção. O ex-governador virou santo? Não. Cansou de mentir? Isso sim, mas somente porque considera que por meio de uma estratégica jurídica (fazendo agora do Judiciário confessionário) conseguirá abrandar suas penas. Não vai funcionar. Já está condenado a quase dois séculos de prisão e por mais que as sentenças diminuam ele terá de cumprir pelo menos 30 anos em regime fechado. Está com 56 anos de idade. Tarde demais. Em seu caso, ao contrário do princípio bíblico, a verdade não o libertará.

“Meu apego ao dinheiro e ao poder é um vício” Sérgio Cabral (Crédito:Divulgação)

DIPLOMACIA
Uma recíproca massagem nos egos

EM HANÓI Kim Jong-un e Donald Trump rumo ao Hotel Sofitel Legend Metropole: luxo e elogios (Crédito:REUTERS/Manan VATSYAYANA / AFP)

Colocar no papel o final de uma guerra que já terminou há 66 anos sem assinatura de acordo de paz e zerar ameças de um eventual conflito nuclear compunham a pauta do encontro do presidente dos EUA, Donald Trump, com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un – o que não quer dizer que se chegou a soluções defintivas sobre isso. Os dois líderes, que têm os cortes de cabelo mais estranhos do planeta, reuniram-se na semana passada, em Hanói, capital do Vietnã. Já na primeira conversa, a troca de massagens nos egos mostrou que tudo seria vago. “Você é um grande líder”, disse Trump a Kim. “Graças a você estamos aqui”, afirmou Kim. A Guerra da Coreia envolveu EUA e ex-URSS, terminou em 1953 mas até hoje são mantidos cerca de 30 mil soldados americanos na Península Coreana. A hipótese de retirada das tropas fez-se, às vésperas do encontro, o trunfo de Kim na barganha para a desmobilização de seu programa nuclear. Trump, antes de pisar o Vietnã, desmontou a armadilha: “não temos pressa para os norte-coreanos destruírem o seu arsenal nuclear”. A paz entre as duas nações segue, assim, somente na labilidade emocional de Kim e de Trump.

SAÚDE
Aids aos 60 anos

Aumenta no Brasil o índice de detecção de HIV em mulheres com 60 anos de idade: passou de 5,3 para 6,4 mulheres a cada grupo de 100 mil habitantes. Pelos menos dois motivos são apontados. Primeiro: o surgimento de estimulantes levam à retomada da vida sexual. Segundo: a ausência de risco de gravidez faz com essas mulheres não usem preservativo.

CARNAVAL
Escolha a sua Princesa Isabel

Duas Princesa Isabel estarão no carnaval do Rio de Janeiro. Uma delas, na Escola de Vila Isabel, que seguirá a historiografia: mostrará uma princesa batalhadora pela abolição da escravatura, alcançada com a sua Lei Áurea, em 1888. A outra Princesa Isabel surgirá de vestido branco manchado de sangue, desfilando pela Mangueira, que assumiu a versão de que ela não foi a ideóloga do abolicionismo e nem se importava com os negros – fez o que fez porque adeptos da República (decretada um ano depois) obrigaram-na a assinar a lei.