Uma das bandas mais adoradas do mundo fez um show emblemático no Madison Square Garden, no último domingo em Nova York, nos Estados Unidos. Com casa lotada, a banda Foo Fighters tocou o bom e velho “rock and roll” para um público disposto a se divertir e a afastar as tristezas dos últimos 18 meses. Para adquirir um ingresso e ver a banda era preciso apresentar a carteira de vacinação comprovando ter tomado as duas doses da vacina. O show foi sucesso, noticiado em todo o mundo.

A temporada de aglomerações da banda de Dave Grohl, no entanto, começou um pouco antes. Do lado de fora da apresentação, diversos negacionistas – aqueles que se recusam a tomar a vacina contra o coronavírus – contestavam a decisão de não poderem participar do evento. Placas e gritos acusavam os Foo Fighters de criarem uma divisão pelo país, chegando ao ponto de usarem termos como “Segregação moderna”, referindo-se desproporcionalmente ao período doloroso da história americana em que negros e brancos eram proibidos de ocupar o mesmo espaço físico.

O show da Califórnia foi um teste: um local para apenas 600 pessoas, mas o vocalista deu tudo de si e preparou o terreno para o que aconteceria em Nova York. No palco disse a frase: “Hoje tocaremos até os policiais serem chamados ou até eu desmaiar de cansaço”.

Se essa situação de amor pela música apreciada em companhia irá chegar ao Brasil, ainda é difícil prever. E se acontecer, deve demorar. Os maiores festivais de música por aqui, como o “Lollapalooza” e o “Rock in Rio” ainda não se pronunciaram sobre a necessidade da comprovação da vacina. O festival que acontece em março de 2022 em São Paulo é o que mais corre riscos por sua proximidade. Será que até lá realmente teremos o vírus sob controle e toda a população adulta imunizada? Ou uma população vacinada a passos lentos pode dar margem para uma nova variante? A velocidade da vacinação nos Estados Unidos e em muitos países da Europa foi crucial para soltar a voz sem medo.

Se a variante Delta, a mais infecciosa até o momento, não causa problemas quando as duas doses da vacina são aplicadas, vale lembrar que grande parte da população conta com apenas a primeira dose. Ou seja, corre-se o risco de infecção, internação e até morte. É preciso correr com a vacinação para que todos possam cantar e dançar à vontade. O problema é que no Brasil, os negacionistas não estão protestando em frente a uma casa de shows, mas ocupando a presidência da República.