O convidado do novo episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, é Daniel Mathias, Chief Investment Officer (CIO) da O3 Capital, gestora que tem como sócio Abilio Diniz.

No programa, Mathias – ou Poli, como é mais conhecido – conta como foi sua experiência de quase 20 anos no mercado financeiro, com uma pequena passagem pela área financeira de empresas, e como, desde 2014, ajuda no crescimento e performance da O3. 

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

O cuidado com o dinheiro veio cedo para Mathias, com hábitos familiares. Seu pai dizia que não deixaria herança para os filhos, mas sim um cheque em branco para educação. Dali em diante, a responsabilidade seria de cada um deles. 

“Ele falava que dinheiro não nasce em árvore e não aceita desaforo”, conta o administrador. “Sabíamos que seria preciso trabalhar muito para ganhar dinheiro e, mais importante, fazer o dinheiro trabalhar pra gente.”

Como os dois irmãos mais velhos entraram no mercado financeiro, seguir o mesmo caminho era natural. Depois de largar o curso de Engenharia para fazer Administração, seu primeiro estágio foi no investing banking do BNP Paribas. Depois ele passou pela Tesouraria do Itaú e pelo Banco Original.

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Um pé na economia real

Depois de 10 anos no mercado financeiro, Mathias decidiu atuar do outro lado do balcão e aceitou uma proposta para ajudar na estruturação financeira do projeto Greenfield na Eldorado Celulose. “O mundo real é muito diferente do mundo financeiro”, afirma. “Na empresa, você vê como as informações são levantadas, acompanha as dificuldades.”

Mathias diz que aprendeu no dia a dia que o ritmo dos dois mundos é desigual. “Você compra uma ação e no dia seguinte ela pode mudar o preço, mas na empresa nada mudou. Ela faz um planejamento e constrói no tempo dela, já o mercado financeiro quer antecipar tudo”, compara.

Ainda que a experiência no mundo real tenha sido gratificante para o executivo, ela também serviu para ele ter certeza que gosta mesmo é do mercado financeiro. Por isso, ele aceitou a proposta da Península para atuar na O3 Capital. Na época, a família Diniz estava passando de um family office para uma gestão profissional de seus investimentos líquidos. 

Quer investir como o Abilio?

Em maio deste ano, a O3 Capital abriu o seu fundo multimercado (O3 Retorno Global) para o público em geral. Em 2019, o time da O3 sugeriu a abertura à Península, que não só topou, como sugeriu sociedade ao time na gestão do capital de terceiros. O cenário de juros baixos e o aumento no número de gestoras ajudou na decisão.

Podem adquirir cotas investidores qualificados, definidos de acordo com regras da  Comissão de Valores Mobiliários, com um mínimo de R$ 5 mil de aporte inicial. Até o fim de julho – sete meses após a abertura – a rentabilidade desse fundo foi de 2,65%. Para investidores gerais, o aporte mínimo é de R$ 1 mil e sua rentabilidade foi de 2,62% no mesmo período. Ambos os fundos estão disponíveis nas principais plataformas do mercado. 

Hoje, sob a gestão da O3 á quase R$ 1,8 bilhão: R$ 1,5 bilhão da Península e o restante de outros investidores. E, apesar da Península ser a detentora da maior parte do capital, Abilio Diniz e sua família não participam da gestão dos recursos. 

“Ele é um grande mentor e os pilares da cultura da Península permeiam a governança do nosso negócio, mas somos completamente independentes na gestão de recursos”, explica o CIO da gestora. “Sempre foi assim, mesmo antes da abertura.”

Se nos primeiros seis meses o objetivo era estruturar a entrada do fundo nas plataformas do mercado e torná-lo conhecido do público, agora o time da O3 trabalha para apresentar uma performance com consistência. 

Sem tensão

Mathias diz que, apesar da pressão por resultado, na O3 há uma cultura com uma visão bem humana, “O time não pode estar acuado a ponto de tomar decisões ruins.É preciso ter tranquilidade para olhar as posições com consciência do seu viés e, assim, tomar as melhores decisões.”

Ele acredita que, em momentos de estresse, o ser humano precisa ter suporte para não  congelar, fugir ou atacar. “A pessoa precisa saber que vai errar, mas que isso faz de processos inovadores. Caso contrário, o erro vira um ponto cego no retrovisor”, diz. “O importante é cometer erros novos.”

E uma boa decisão pode ser simplesmente não fazer nada. “Às vezes, não mexer no investimento e apenas não perder dinheiro é ótimo”, justifica. “Trabalhamos todos os dias como se fôssemos faixa branca (como o iniciante no judô): vamos chegar, treinar, aprender coisas novas, rever o que aprendemos para ver se continua valendo e ter humildade sempre.”

Confira aqui todos os episódios do programa.