Na campanha em que Lula se elegeu presidente pela primeira vez, em 2002, a perspectiva da eleição de um petista radical, que sintetizava o pensamento econômico da extrema esquerda (estado forte), fez com que a economia explodisse e o dólar fosse às nuvens, obrigando Fernando Henrique a recorrer ao FMI para segurar a crise. Neste momento, em que Bolsonaro reconhece o descontrole da economia, com a inflação deteriorando a renda das famílias e o desemprego provocando a volta da fome para quase 30 milhões de brasileiros, o risco de Lula voltar é enorme. Os institutos de pesquisa o colocam como favorito, apavorando empresários e a classe média. Afinal, nesse contexto, teríamos um segundo turno entre Lula e Bolsonaro e, aí, teríamos um pacote de desastre anunciado: o Bolsolula.

Ou seja, estaríamos entre a cruz e a espada. Se der Bolsonaro, repetiremos mais quatro anos de horror, de genocídio na saúde, de caos econômico, de destruição do meio ambiente, da educação e da cultura. Terra arrasada será o legado que ele nos deixará a partir de 2023. Caso Lula seja eleito, sofreremos grande retrocesso, especialmente na economia. O petista já disse que vai acabar com o teto de gastos, com as privatizações e com as reformas. Sem contar que vai fazer a regulação da mídia (censura à imprensa). Esse discurso, inclusive, tem aumentado a insegurança dos investidores quanto ao futuro. Há fuga de capitais e desinteresse pelos leilões das privatizações.

Faz-se necessária uma candidatura para romper esse círculo vicioso com potencial de nos conduzir a mais um período obscuro (Bolsonaro) ou de populismo nocivo (Lula)

Qualquer um dos dois, portanto, representa a perspectiva de quatro anos de novo fracasso na economia, de baixo crescimento e de aumento da crise social. O pior é que essa conjuntura já está transformando o período pré-eleitoral em clima desfavorável aos negócios. O dólar já está disparando (perto dos R$ 6), inflação ao redor de 11% ao ano e os juros da Selic estimados em 10% para o começo do ano que vem. Assim, tudo indica que o quadro de 2022 será muito semelhante ao de 2002, quando o “sapo barbudo” flanava como preferido do eleitor: o dólar chegou a R$ 4 e o País quase quebrou.

É por essa e por outras que a maioria da população rejeita tanto um quanto o outro. Mais da metade do eleitorado espera que surja um nome da chamada terceira via que acabe com essa polarização entre o ruim e o pior. Os eleitores esperam que os diversos candidatos de centro (Doria, Leite, Ciro, Mandetta, Pacheco, Tebet e Moro) viabilizem uma candidatura única para romper esse circulo vicioso que possui potencial de nos conduzir a mais um período obscuro (Bolsonaro) ou de populismo nocivo (Lula).