O crescente protecionismo norte-americano e o risco real de uma guerra comercial global deram o tom das discussões do 13º Fórum Econômico Mundial para a América Latina, realizado na semana passada, em São Paulo. O que se verificou no encontro foi uma preocupação geral com uma possível onda de retaliações de diferentes países e blocos comerciais aos Estados Unidos, a partir da recente decisão unilateral do presidente Donald Trump de estabelecer uma sobretaxa de importação para o aço e para o alumínio. No caso do aço, a tarifa será elevada para 25% e no do alumínio, para 10%. O governo brasileiro ainda vê possibilidades de negociar exceções aos aumentos tarifários, mas o presidente Michel Temer, que participou da abertura do fórum, disse que se os Estados Unidos não mudarem de posição, o Brasil, junto com outros países que se sentirem prejudicados pela medida, deverá entrar com uma representação contra a política de importação americana na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Nós somos contra todo e qualquer protecionismo”, disse Temer. “Se não houver uma solução amigável vamos formular essa representação.”

O aço e o alumínio representam 2% do comércio mundial e são produtos utilizados intensivamente por vários setores da economia, como a indústria automotiva e a construção civil. O aumento de seus preços tem impacto em diversas cadeias produtivas. O Brasil é hoje o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, depois do Canadá e à frente da Coréia do Sul. O fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, disse que a decisão americana pode levar a uma turbulência no comércio global e criar um efeito dominó. Estudo realizado pela Bloomberg Economics indica que uma guerra comercial deflagrada pelas iniciativas protecionistas e pela consequente reação de países que se sentirem prejudicados custaria US$ 470 bilhôes à economia mundial até 2020. O estudo considera um cenário extremo em que os Estados Unidos adotem taxas de 10% nas importações. Neste caso, o comércio mundial poderia encolher 3,7% até 2020, por conta de uma queda geral nas exportações e de uma espiral inflacionária causada pelo aumento de preços de produtos básicos. Até o momento nenhum país fez uma representação formal na OMC contra a sobretaxa nos Estados Unidos.

 


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