20/09/2022 - 19:34
Thiago Brennand, o bad boy pernambucano que se considera acima da lei, bate, estupra e tatua mulheres com suas iniciais a ferro é o típico retrato de alguns filhinhos de papai das oligarquias nordestinas. Nunca encontrou freio para suas delinquências e elas alçaram o nível de crimes hediondos. Rico, bom-vivant, exibicionista e colecionador de armas para demonstrar seu poderio covarde a quem se metesse a confrontá-lo, Thiago nasceu em berço de ouro, de uma das famílias mais tradicionais e respeitadas de Pernambuco.
Os Brennand fizeram história na chamada “Veneza americana do mais lindo céu de anil”. Especialmente pelo pendor ao mundo das artes. São, até hoje, referência, construída através do ceramista Francisco Brennand, considerado um dos maiores do mundo, e de seu irmão Ricardo Brennand, empresário que resolveu deixar o mundo dos negócios e se tornar um mecenas das artes, construindo no Recife um dos mais belos acervos de obras internacionais e um Museu monumental, com uma réplica do David de Michelângelo logo na entrada, que virou referência aos visitantes daquele Estado.
Ambos os patriarcas, Francisco e Ricardo, já falecidos. Esse último era tio-avô de Thiago, mas o rapaz sempre foi considerado uma ovelha-negra da família, rejeitado pelos parentes que tiveram inúmeros entreveros com ele. Seu estilo violento afugentou relações desde cedo e Thiago, quase que em um exílio forçado, deixou Recife e passou a morar em São Paulo, onde frequentava os melhores restaurantes, o mais caro e exclusivo condomínio paulistano – o Boa Vista, onde possui casa – e, naturalmente, points da moda e a academia onde resolveu partir para às vias de fato contra uma frequentadora, numa cena já notória, gravada e mostrada em todo País.
O que assombra e indigna os brasileiros é a impunidade com a qual Thiago vem sendo tratado, desde o episódio das bofetadas e até aqui. Conseguiu sair do País rumo à Dubai, mesmo após ser denunciado, e até agora não voltou. A gravação que dessa vez expõe a sua verve beligerante e autoritária contra um então ministro é apenas mais uma entre as inúmeras que ele deixou, exibindo o seu pendor a crimes. De ameaças a intimidações, Thiago passeia pelos mais abjetos métodos típicos daqueles machos “Alfa” que pensam poder tudo.
No Recife, onde morava, em outros tempos e até hoje, alguns jovens mais abastados – que não temem a lei – se acostumaram a resolver suas diferenças à faca, na bala ou com garrafas quebradas, matando se preciso, dada a certeza que se safariam da cadeia por contar com “costas quentes”. Invariavelmente, essas tribos de riquinhos por ali insistem no comportamento desde os tempos do Brasil colônia. Acham que podem tudo. São facilmente vistos nas ruas com os seus possantes em pegas ou nas noitadas mais exclusivas da sociedade recifense. Eis uma herança deplorável daquelas capitanias hereditárias da época do império que, mesmo 200 anos depois, parece ter sobrevida em algumas figuras como o tal Thiago.