ÚLTIMOS PASSOS Matheus, vestido de aspirante à Marinha, dança com uma debutante, momentos antes de ser executado (no detalhe); na foto maior, seu pai beija a mão de colegas do filho no projeto social “Valsa Noite de Encanto”. Os jovens usam farda mas não são militares (Crédito:Divulgação)

A favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, viveu mais uma semana de tragédias. Foram tiroteios e execuções sumárias, doze pessoas mortas em quatro dias. Morreu bandido de arma na mão. Jogo jogado. O deplorável é que novamente morreu brasileiro trabalhador – e não de bala perdida (o que já é um absurdo), mas executado por grupos extremamente minoritários de PMs e milícias que insistem em ações desse tipo para desmoralizar a intervenção federal. Aliás, aos políticos de esquerda que temiam arbitrariedades das Forças Armadas, está aí a resposta do quanto estavam equivocados: são milicianos que seguem matando. Um caso, em particular, gerou forte comoção – e a comoção saiu da favela para todo o Brasil, e saiu do Brasil para a mídia de outros países. Matheus da Silva, 19 anos, membro do projeto social “Valsa Noite de Encanto” (seus integrantes se vestem de aspirantes à Marinha), trabalhou num baile de debutantes, ganhou R$ 50 e foi passear. Numa padaria, foi executado pelas costas, juntamente com sete rapazes. “Quero que me digam quem matou meu filho. Só isso”, declara o pai de Matheus (um cobrador de ônibus que teme ser identificado). Quem apura homicídios é a Polícia Civil, o mesmo que nada a se julgar pelos resultados apresentados nos últimos tempos. Na semana passada, por exemplo, a ONU voltou a denunciar a inoperância das investigações sobre a execução da vereadora Marielle Franco – foi morta em 14 de março e até a quarta-feira 28 não havia uma pista sequer dos matadores ou dos mandantes. Será esse também o destino do caso envolvendo Matheus. Está na hora de tais investigações serem conduzidas pelas Forças Armadas, a partir de um raciocínio elementar: se a Polícia Civil do Rio de Janeiro tivesse a vontade de investigar de verdade, oestado não teria chegado ao ponto que chegou.

COMPORTAMENTO
A atriz pornô e o dinheiro de campanha

Handout

Novo capítulo no affair Donald Trump & a atriz pornô Stormy Daniels, aberto após a entrevista que ela deu à CNN (foto). Stormy confirmou que a relação sexual entre os dois, em meio à campanha presidencial, foi “consensual e sem preservativo” e que lhe rendeu US$ 130 mil. Como esse dinheiro saiu de doações à campanha, Trump estará encrencado – parlamentares democratas já falam em impeachment. Mais: a atriz entrou com processo contra Michael Cohen, um dos advogados de Trump. Motivo: Cohen disse que Stormy mente quando o acusa de estar por trás das ameaças que ela sofreu para se calar sobre o relacionamento com o presidente.

DELAÇÃO
O dinheiro de João Santana e a pergunta que sobra

Paulo Lisboa

Os R$ 71,6 milhões que os marqueteiros João Santana e Mônica Moura devolveram no acordo de delação premiada podem ir para o Fundo Penitenciário Nacional. Quem pede é a AGU. O problema da podre condição carcerária no País não é falta de dinheiro. A União repassou R$ 3 bilhões aos estados em 24 meses. A pulga atrás da orelha é: o que os estados fizeram com a verba já que não a destinaram ao sistema prisional?

ECONOMIA
Temer põe ordem nos bancos federais

Passa a valer para os bancos públicos federais a norma que já vigora para as instituições financeiras privadas e estaduais: o BC terá de aprovar a nomeação de diretores. A determinação é de Michel Temer. Tenta-se assim acabar com a politicagem que, muitas vezes, leva à ocupação desses cargos.

TRAGÉDIA
O crime do incêndio no shopping

Divulgação

Sessenta e quatro pessoas morreram, entre elas quarenta e uma crianças, no incêncio de um shopping center na cidade russa de Kemerovo, na Sibéria, a três mil e seiscentos quilômetros de Moscou. Segundo a polícia técnica e os bomebeiros, é provável que o fogo tenha começado em um dos cinemas. Criminosamente, as portas de emergência do shopping estavam trancadas e com defeito o obsoleto sistema de alarme. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chamou de “assassinos” os responsáveis pelo local e disse que “todos serão punidos”. Trezentos bombeiros foram mobilizados. O trabalho demorou cerca de catorze horas.

SAÚDE
Hepatite B já atinge 300 milhões de pessoas

É bastante sombrio o quadro da saúde pública, em todo o mundo, no que se refere à hepatite B – enfermidade que, deixada sem tratamento, pode levar ao câncer de fígado. Na semana passada, a Fundação Centro para Análise de Doenças, nos EUA, divulgou um espantoso relatório: 300 milhões de pessoas no planeta estão infectadas pelo vírus da hepatite B. Mais assustador ainda: somente 5% desse número total de doentes se encontram sob tratamento especializado. Entre as mulheres grávidas (transmissão vertical e a mais comum atualmente), apenas 1% delas são tratadas. No Brasil, estima-se que haja cerca de 760 mil infectados pela hepatite (22,5 mil enfermos estão sob cuidados médicos).