O técnico português do Manchester United, José Mourinho, e seu homólogo no City, o espanhol Pep Guardiola, viverão neste sábado em Old Trafford, agora na Premier League, um novo episódio da enorme rivalidade alimentada nos últimos anos.

Suas visões opostas de futebol causaram danos à relação que chegou a ser cordial há 20 anos, quando o português exercia o cargo de assistente técnico do holandês Louis van Gaal numa equipe do Barcelona que tinha em Guardiola sua referência dentro de campo.

O reencontro no banco de reservas acontece três anos após o último duelo. Ambos chegam à partida como novos técnicos de suas respectivas equipes e liderando a tabela do Campeonato Inglês com três vitórias nas três primeiras rodadas desta temporada.

Mas a relação entre essas duas personalidade estremeceu em 2008 quando o Barcelona escolheu o jovem Guardiola no lugar de um já consagrado Mourinho para suceder Frank Rijkaard no comando da equipe catalã.

O português se vingou dois anos depois, quando a Inter de Milão eliminou o Barcelona na Liga dos Campeões. Em imagem icônica, Mourinho comemorou a classificação à final da ‘Champions’ correndo pelo gramado do Camp Nou com os braços erguidos.

“(Guardiola) deixou o Barcelona por inúmeras razões”, escreveu o ex-zagueiro do Liverpool Jamie Carragher em sua coluna do jornal Daily Mail, em maio, quando Mourinho foi nomeado para dirigir o Manchester United.

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“Mas uma delas, tenho certeza, era o incessante assédio em relação a Mourinho que sofria na imprensa”, afirmou.

“É inevitável que esse assunto volte a ser tema. Guardiola deve estar pensando: ‘Oh não, ele de novo não”, concluiu o Carragher.

O pragmático Mourinho, 53 anos, e o idealista Guardiola, 45 anos, dividem uma visão semelhante de como proceder em relação a jogadores que não estão em seus planos, pouco importando o currículo do atleta, desde que chegaram à cidade no norte da Inglaterra.

Mourinho abriu as portas para a saída do veterano meia alemão Sebastian Schweinsteiger, que não foi inscrito na Liga dos Campeões.

Já Guardiola forçou a saída ao Torino de Joe Hart, goleiro titular nas últimas temporadas com os ‘Citizens’ e com a seleção da Inglaterra.

– Novo capítulo –

A contratação de Mourinho pelo Real Madrid em 2010 converteu em habitual o duelo entre ambos os técnicos.

Mourinho sofreu a humilhação de um 5 a 0 no primeiro clássico espanhol entre os dois técnicos, em uma temporada na qual os dois clubes gigantes do futebol espanhol também se enfrentaram na Champions, com outra vitória do Barça.

Na Supercopa daquele mesmo ano ocorreu um dos episódios mais desagradáveis, quando Mourinho se desentendeu e colocou o dedo no olho de Tito Vilanova, na época assistente de Guardiola.

A última vez que se enfrentaram em campo foi em 2013, quando o Bayern de Pep superou o Chelsea de ‘Mou’ nos pênaltis, pela Supercopa da Europa.

Se a Mourinho não agradou o fato do Barcelona optar em 2008 por um Guardiola ainda desconhecido no mundo dos treinadores, Pep sempre alertou para o caráter provocador do português.


Conscientes de que sua relação, seus gestos, suas palavras, serão minuciosamente escrutinados pela imprensa, os técnicos fizeram até agora todo o esforço possível para não reacender o fogo, chegando até a se mostrar amáveis.

“Vivi com Pep dois anos em um campeonato em que o campeão era ele ou eu. Nessa situação, os duelos individuais têm outro sentido, porque pode haver uma influência maior. Mas no Campeonato Inglês, se eu focar apenas nele e no Manchester City, e se ele só focar no United, outro time será campeão”, explicou Mourinho.

“Como técnico Mourinho é um dos grandes”, elogiou por sua vez Guardiola, em sua primeira coletiva de imprensa com o novo clube, em julho.

Resta saber se antes da partida, e principalmente depois, será mantida essa calmaria.

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