Em nosso tempo de vida, nenhum vírus foi tão devastador quanto o coronavírus.

Um mal microscópico que criou a maior pandemia dos últimos cem anos que, por sua vez, estabeleceu uma nova ordem mundial.

Sem falar na tragédia que representam os números de fatalidades pelo mundo e possíveis consequências
aos que sobreviverem.

O problema é que, mergulhados nas notícias sobre a Covid-19 e suas consequências; sobre vacinas e a falta delas; sobre variantes e suas novas ondas, damos pouca importância a um outro vírus que também se espalhou pelo mundo, mas que no Brasil, tem uma de suas variantes mais cruéis.

Trata-se de um vírus que estava incubado em uma parcela enorme da população, talvez por séculos, mas não se manifestava, não sabemos bem porque. Hoje, dadas as condições corretas de temperatura e pressão, despertou e vem se espalhando de maneira exponencial.

Conhecido nos meios científicos por radicalvírus, sua consequência não é a morte, mas transforma a vítima num zumbi, desses de filme B.

O sujeito anda pelas ruas vomitando asneiras e seu principal objetivo passa a ser transmitir a doença para quem estiver próximo.

O radicalvírus tem duas variantes: radicalvírus esquerdo (R-e) e radicalvírus direito (R-d).

Os dois são igualmente nocivos, mas o R-e apresenta menor taxa de transmissão, pois vem sendo neutralizado pelo seu par, o terrível R-d.

A forma mais conhecida de transmissão de ambos é pelas as redes sociais.

O sujeito está lá no metrô, fuçando seu Instagram quando de repente vê um post qualquer e pimba. Está contaminado.

O primeiro sinal é que o infeliz perde completamente o bom senso ou a capacidade de análise dos fatos.

Passa a acreditar em qualquer bobagem que caia em seus ouvidos.

Após longo estudo antropológico e científico, cheguei à conclusão que o despertar do radicalvírus por aqui remonta às manifestações de 2013, quando, no meio de avenidas lotadas de gente exigindo mudanças, um pequeno grupo de zumbis R-d positivos, clamava por uma intervenção militar.

Eram tão poucos que sequer chamaram a atenção da comunidade científica.

Uma doença silenciosa toma conta do Brasil há anos. Para ela, não há cura nem vacina

Viraram apenas uma nota de rodapé nas reportagens que cobriram as passeatas.

A partir dali, o vírus infectou uma enorme parcela da população, muito antes de ouvirmos falar em coronavírus.
Em 2018, foi o R-d que conseguiu eleger um presidente que sofre do mesmo mal.

Ele e seus aritméticos filhos tomaram o poder e passaram a propagar o vírus de forma consistente e eficaz.

Mas não pensem que o fazem porque são desvairados, ou mal intencionados.

São vítimas desta proteína cruel, para a qual não
existe vacina.

Esta semana, lamentavelmente, foi confirmado que mais dois nomes importantes de nossa Cultura sucumbiram
ao vírus.

O ex-deputado Roberto Jefferson, cujos vídeos já levantavam suspeitas sobre o estado de sua saúde, foi preso, num gesto de total ignorância do STF que ainda não reconhece sequer a existência da doença.

Fosse diferente, teriam enviado o pobre homem para o Butantã, onde poderiam pesquisar uma cura ou vacina para esse mal.

O outro nome abatido pela doença foi Sergio Reis.

Lamentável.

O bonachão e inofensivo cantor sertanejo, autor de clássicos que seduziram gerações por mais de 50 anos, também foi tomado pela variante R-d.

Num triste vídeo que tomou a internet, o cantor de Panela Velha infla a população para, no dia 7 de setembro, fechar a porteira da democracia em Brasília.

Não divulgarei o vídeo aqui para a proteção do leitor.

Assim que comecei a assisti-lo fui tomado por uma sensação inexplicável de que a terra é plana.

Parei a tempo, espero.