O que você come pode prejudicar sua pele? Saiba o que diz a ciência

Você já parou para pensar que as escolhas que faz à mesa podem estar refletindo diretamente no espelho? Um estudo publicado no início de maio no periódico Food Science & Nutrition reforça que um cardápio variado e equilibrado é essencial para preservar a boa saúde da pele. 

Conduzida por pesquisadores da Universidade de Messina, na Itália, a pesquisa tinha como objetivo investigar, a partir da revisão de outros estudos já publicados sobre o tema, quais alimentos podem ser favoráveis a uma pele mais bonita e, por outro lado, quais hábitos alimentares podem ser prejudiciais.  

Os autores concluem que, embora ainda sejam necessários diversos estudos para entender melhor a relação entre alimentação e o envelhecimento cutâneo, há evidências de que certos nutrientes e ingredientes podem impactar na estrutura e no bom funcionamento da pele.  

Uma dieta baseada no consumo diário de fontes de antioxidantes, por exemplo, parece ser uma poderosa aliada para proteger a pele dos danos causados pelos radicais livres, moléculas responsáveis por acelerar o envelhecimento precoce.  

Entre os nutrientes que que se destacam nessa função está a vitamina C. Presente em frutas cítricas, na goiaba, no morango, no pimentão e no brócolis, por exemplo, ela não só ajuda a prevenir o fotoenvelhecimento como também estimula a produção de colágeno, proteína fundamental para a firmeza da pele.  

A vitamina E, por sua vez, encontrada em óleos vegetais, oleaginosas e folhas verde-escuras, tem sido associada à redução da formação de rugas e ao aumento da elasticidade cutânea. 

O que vale evitar 

De acordo com a pesquisa italiana, há evidência de que uma alimentação carregada em itens gordurosos pode contribuir para um envelhecimento cutâneo mais acelerado. Isso vale especialmente para produtos que contenham gordura trans, que são em geral ultraprocessados, como biscoitos recheados, margarina e preparações prontas, como lasanha congelada. 

O consumo excessivo de carboidratos simples e açúcar refinado deve ser outro ponto de atenção. Isso porque eles contribuem para a formação dos chamados produtos finais da glicação avançada, ou AGEs (do inglês advanced glycation end products), num processo chamado glicação.  

“Isso acontece porque a reação das moléculas de glicose presentes na circulação proveniente do açúcar e dos carboidratos simples se liga a proteínas, como as fibras de sustentação da pele e o colágeno, por exemplo, o que resulta nos AGEs, causando flacidez, rugas e perda de elasticidade”, explica a dermatologista Maísa Fabri Mazza, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Regional São Paulo. 

Outra possível consequência é o aumento de manchas. “A glicação leva à perda de colágeno, o que aumenta a penetração dos raios ultravioleta na pele, formando mais radicais livres que aceleram o processo ligado ao açúcar, ao envelhecimento e à pigmentação”, conta o dermatologista Beni Grinblat, do Hospital Israelita Albert Einstein.  

Boas práticas 

Mas é claro que comer um docinho de vez em quando não fará você ficar automaticamente com a pele envelhecida. O problema é a ingestão crônica e desmedida desse tipo de alimento. “É como tomar sol: todo mundo sabe que o excesso de radiação UV pode dar câncer de pele, mas isso não significa que não podemos ficar nem um pouco sob os raios solares”, compara a farmacêutica e bioquímica Patrícia França, de São Paulo.   

Os cuidados com a alimentação são especialmente importantes no caso de pessoas mais velhas, que já apresentam um envelhecimento natural do organismo, e de quem sofre com diabetes ou resistência à insulina, hormônio que permite a entrada da glicose nas células.  

Para controlar esses impactos, são indicadas mudanças no estilo de vida para além da alimentação. Não fumar nem exagerar no consumo de bebidas alcoólicas são hábitos essenciais; praticar atividade física e evitar a exposição excessiva à poluição e ao sol também são medidas importantes para quem quer cuidar da pele – e da saúde como um todo.  

Fonte: Agência Einstein