Com 30 anos, a era Bolt se aproxima de seu fim. Após disputar seus últimos Jogos Olímpicos, tudo indica que o Mundial de Londres-2017 será o último grande compromisso do jamaicano. Mas o que será do atletismo quando for embora sua estrela carismática? A curto ou a médio prazo não se vê um sucessor.

“Sua saída será um buraco imenso, mas não insuperável. Nos perguntamos o mesmo com Muhammad Ali. Depois apareceram Floyd Mayweather, Marvin Hagler, Manny Pacquiao, Sugar Ray Leonard… Não preencheremos esse vazio em uma noite, mas há grandes atletas e temos que assegurar que o mundo os conheça”, afirmou Sabastian Coe, presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) à AFP.

Seu máximo rival nestes últimos anos na velocidade é Justin Gatlin, tanto nos Mundiais de Moscou-2013 e Pequim-2015, como nos Jogos do Rio-2016. Mas o americano tem 34 anos, por isso nunca se pensou nele para assumir o posto.

Nestes Jogos surgiu André de Grasse, o canadense de 21 anos, de pai de Barbados e mãe de Trinidad e Tobago, que conquistou três medalhas no Rio-2016, a prata nos 200 metros, atrás de Usain Bolt, o bronze nos 100 metros, superado pelo jamaicano e Gatlin, e o bronze no revezamento 4×100 metros.

“Vai ser bom. Corre como eu. Quero dizer que é lento na saída, assim como eu, e se recupera depois”, afirma Bolt sobre o canadense.

De Grasse afirma que Bolt acredita que tem uma grande carreira adiante na velocidade.

“Penso que ele me sente como seu sucessor e eu tento lhe dar razão”, declara o canadense.

O sucessor proclamado de Bolt parecia ser ser compatriota Yohan Blake, que ganhou a prata nos 100 e 200 metros nos Jogos de Londres-2012, atrás da estrela jamaicana, quando tinha apenas 22 anos.

Um ano antes, no Mundial de Daegu-2011, após a desclassificação de Bolt por uma saída falsa na final dos 100 metros, ganhou o ouro com 21 anos e 245 dias, sendo o campeão mundial mais jovem na história da modalidade.

– De Grasse e Blake –

Apenas a desclassificação de Bolt, o único título mundial ou olímpico que lhe falta desde 2008, permitiu que Blake ganhasse, mas se imaginava um futuro que não se concretizou.

Após duas temporadas de lesões, em 2013 e 2014, que lhe impediram de participar no Mundial de Moscou-2013, Blake não chegou na sua melhor forma em 2015, pelo qual não esteve no Mundial de Pequim.

E nos Jogos do Rio-2016, já com 2016, só pôde ser o quarto nos 100 metros, sem conseguir se classificar para a final dos 200 metros, as duas provas nas quais havia conquistado a prata em Londres-2012.

A velocidade vai custar a encontrar um sucessor à altura de Bolt, mas também o atletismo em geral tem problemas para buscar outro campeão jovem e midiático.

Em geral, os campeões olímpicos do Rio-2016 são maduros, com exceção da jamaicana Elaine Thompson, de 24 anos, que fez a dobradinha 100-200 metros. Mas nas provas de distância, o outro ícone do atletismo, reina o britânico Mo Farah, de 33 anos.

O atletismo busca um novo campeão, jovem e carismático. Pode vir novamente da Jamaica, onde é o esporte rei, e as escolas organizam campeonatos regionais e nacionais, que são um grande viveiro. Mas enquanto isso, o atletismo terá que esperar para ver se De Grasse emplaca.

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 faltam quatro anos, mas será difícil preencher o vazio que Bolt terá deixado desde que ganhou seu primeiro tricampeonato de velocidade nos Jogos de Pequim-2008, que se repetiu em Londres-2012 e Rio-2016.

Resta o consolo de que Bolt correrá até o Mundial de Londres-2017, sua última estação de glória. Embora ter insinuado que era sua última corrida na modalidade, após ter vencido os 200 metros no Rio-2016.

Contudo, resta um ano. Com o eco da nova façanha de Bolt no Rio-2016, melhor, até o momento, saborear este feito histórico, que será difícil que se repita.

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