As guardas costeiras dos Estados Unidos e do Canadá tentam localizar, no Oceano Atlântico, ao longo da América do Norte, um pequeno submarino turístico chamado Titan, desaparecido desde domingo (18/06) e que transportava um grupo de cinco pessoas que iria visitar os destroços do navio Titanic.

A expedição ao Titanic começou na sexta-feira passada, partido da cidade de São João da Terra Nova, no Canadá, a bordo do navio quebra-gelo Polar Prince. No domingo, o Polar Prince chegou à área onde o Titanic afundou, a cerca de 600 quilômetros da costa canadense. O mergulho começou pouco depois, às 6h (horário local).

As buscas estão sendo feitas tanto na superfície, para o caso de o submarino ter retornado, como com um sonar para tentar localizar a embarcação embaixo da água. Para isso estão sendo usados três aviões Hércules C-130, uma aeronave P8 equipada com um sonar, o navio quebra-gelos canadense Kopit Hopson 1752 e um submarino.

“É um desafio conduzir uma busca nessa área remota”, afirmou o comandante da Guarda Costeira dos Estados Unidos, contra-almirante John Mauger.

As buscas ocorrem numa área a cerca de 1.450 quilômetros a leste de Cape Cod, nos Estados Unidos, e a uma profundidade de cerca de 4 mil metros, precisou Mauger. “Estamos usando todos os meios disponíveis para garantir que conseguiremos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, afirmou.

Quando e onde o submarino desapareceu?

O submarino Titan submergiu na manhã de domingo, 18 de junho, e o seu barco de apoio na superfície, o quebra-gelo Polar Prince, perdeu contato com ele cerca de uma hora e 45 minutos mais tarde, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

O submarino foi dado como desaparecido a cerca de 700 quilômetros ao sul da cidade de São João da Terra Nova, capital da província canadense de Terra Nova e Labrador, segundo autoridades canadenses, na área onde ocorreu o naufrágio do Titanic, em 1912.

Quem está a bordo?

A Guarda Costeira dos EUA divulgou que havia um piloto e mais quatro pessoas a bordo do submarino. Ao menos três delas são turistas que pagaram pela viagem, organizada pela empresa OceanGate, que alugou o Polar Prince para o lançamento do Titan.

Entre os turistas está o bilionário empresário britânico Hamish Harding, de 58 anos, segundo a empresa Action Aviation, que é presidida por Harding.

Harding é um explorador e aventureiro que detém três recordes registrados no livro Guinness. A Action Aviation é uma empresa de venda de jatos privados baseada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Também a bordo estão o empresário paquistanês Shahzada Dawood e o filho dele, Suleman, segundo um comunicado da família.

Dawood é o vice-presidente de um dos maiores conglomerados do Paquistão, a Engro Corporation, que tem investimentos em fertilizantes, fabricação de veículos, energia e tecnologias digitais. Ele mora no Reino Unido com a mulher e dois filhos.

As identidades das duas outras pessoas a bordo ainda não foram confirmadas, mas, segundo a emissora britânica BBC, há relatos de que elas seriam o explorador francês Paul-Henry Nargeolet, de 73 anos, e Stockton Rush, o presidente da OceanGate.

No sábado, Harding publicou na sua conta na rede social Instagram a seguinte mensagem: “A tripulação do submarino é composta por alguns exploradores lendários, alguns dos quais completaram mais de 30 mergulhos até o Titanic desde a década de 1980”.

Que tipo de submarino é o Titan?

O Titan é capaz de mergulhar a uma profundidade de 4 mil metros com uma “margem confortável de segurança”, segundo uma descrição da OceanGate. Ele é feito de fibra de carbono e titânio.

Segundo a empresa, o Titan já realizou mais de 50 testes de mergulho, inclusive a uma profundidade equivalente à dos destroços do Titanic.

O Titan, que pesa 10 toneladas e tem um comprimento de 6,7 metros, tem uma autonomia de oxigênio de até 96 horas, segundo a empresa. O submersível pode acomodar cinco pessoas, incluindo um piloto.

Ele viaja a uma velocidade de 3 nós. Nó é uma unidade de medida de velocidade equivalente a uma milha náutica por hora, ou seja 1,852 km/h.

O que são as viagens turísticas ao Titanic?

A OceanGate Expeditions, que recentemente confirmou nas suas redes sociais que uma das suas expedições estava em andamento, cobra de seus clientes até 250 mil dólares (cerca de R$ 1,1 milhão) por uma expedição de oito dias e sete noites que inclui um lugar a bordo do seu submarino para ver o famoso naufrágio.

O mergulho até os destroços, incluindo ida e volta, dura em torno de oito horas. Os restos do Titanic estão a uma profundidade de 3.800 metros.

A OceanGate afirma que cada mergulho objetiva também estudar os destroços do Titanic, que estão em decomposição por causa da ação de bactérias que consomem ferro.

O mergulho inaugural ocorreu em 2021. A expedição que desapareceu foi a terceira realizada neste ano.

Os restos do Titanic atraem turistas há décadas. Existem várias empresas que organizam viagens de vários dias ao local onde estão os restos do navio, que chegou a ser descrito em sua época como inafundável.

O mito Titanic

Em 14 de abril de 1912, o Titanic afundou após bater em um iceberg. Seus destroços foram encontrados apenas em 1985 pelo americano Robert Ballard.

Dois anos mais tarde, a empresa Titanic Ventures coletou mais de 1,8 mil objetos do transatlântico. As imagens de talheres, joias valiosas, peças ornamentais do navio e restos mortais de passageiros despertaram a curiosidade de milhões, principalmente de colecionadores.

Em 1997, o diretor de cinema James Cameron recriou o naufrágio do Titanic, em um filme que se tornou uma das maiores bilheterias da história do cinema e recebeu oito Oscars.