A clínica de reabilitação para dependentes químicos chamada de Comunidade Terapêutica Efatá, localizada no bairro Caucaia do Alto, em Cotia (SP) – cidade que fica na região metropolitana da capital paulista – foi palco da tortura e agressão de um paciente que morreu nesta segunda-feira, 8, em decorrência dos atos de violência. O estabelecimento foi fechado após a Vigilância Sanitária constatar que era clandestino e não possuía autorização.

A vítima, identificada como Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos, foi gravada por funcionários amarrada em uma cadeira. No vídeo, empregados debocham da situação. Um dos supostos envolvidos, Matheus de Camargo Pinto, de 24 anos, foi preso em flagrante pelas autoridades. Em áudios, o suspeito confessa ter agredido o paciente. As informações são do SPTV 2ª Edição, da TV Globo, e do Cidade Alerta, da TV Record.

+ SP: paciente de clínica de reabilitação morre após ser amarrado e torturado

+ Dona de clínica onde influencer morreu após cirurgia estética tem formação incompleta em Medicina no Paraguai

Administrada por Cleber Fabiano da Silva e Terezinha Conceição, a Comunidade Terapêutica Efatá abriga 23 pacientes. Em 2019, a dupla de sócios foi denunciada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) por maus-tratos contra quatro adolescentes internados em outra unidade.

A Prefeitura de Cotia constatou, durante visita ao estabelecimento, que outros pacientes da Comunidade Terapêutica Efatá também apresentavam sinais de maus-tratos. As famílias dos internos foram chamadas para retirá-los do local.

A defesa de Cleber Fabiano da Silva e Terezinha Conceição alega que os dois não estavam presentes na clínica no dia em que ocorreram as agressões ao paciente, além de acrescentar que ambos irão colaborar com as investigações.

Funcionário preso em flagrante

Ainda segundo a defesa dos administradores, Matheus de Camargo Pinto havia sido contratado pela clínica há cerca de uma semana. Conforme o delegado Adair Marques Correa Junior, o acusado não possui formação para exercer o trabalho e é ex-dependente químico.

Em um áudio, o suspeito confessa ter cometido as agressões. “Cobri no c*cete. Chegou aqui na unidade, ‘fio’, foi pagar de ‘brabo’, cobri no pau. Tô com a mão toda inchada”. Segundo Matheus, o uso da força teria sido praticado apenas para conter a agitação do interno.

De acordo com o delegado, a vítima foi dopada com medicamentos, algo que, somado à agressão física, pode ter causado a morte do paciente. A autoridade também explicou que possivelmente a vítima sofreu violência em outras ocasiões durante o fim de semana.

Segundo Adair Marques Correa Junior, um composto fabricado com vários medicamentos amassados e nomeado pelos funcionários de “danoninho” era dado aos pacientes. A substância teria sido fornecida a Jarmo Celestino de Santana. “A investigação indica que a vítima sofreu tortura desde o primeiro momento em que chegou na clínica”, pontuou o delegado.