Um ataque hacker desestabilizou serviços do governo que utilizam o SEI (Sistema Eletrônico de Informações) Multiórgão na terça-feira, 23. O ocorrido segue sob investigação das autoridades.
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O que é esse sistema?
O SEI Multiórgão é responsável por processos administrativos que tramitam de forma eletrônica em nove ministérios e dois órgãos do governo federal. Com a queda dele, várias funcionalidades ficaram indisponíveis internamente.
O que ocorreu após a desestabilização?
A Polícia Federal e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foram acionadas para investigar o caso. Procurada, a PF disse apenas que trabalha no caso, enquanto a Abin não respondeu sobre possíveis atualizações da investigação.
Em comunicado interno, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informou o problema aos servidores na quarta-feira, 24, e pediu para que eles buscassem “soluções alternativas” para que os processos urgentes não fossem paralisados. Segundo o anúncio, as plataformas apresentaram problemas e pararam de funcionar às 11h de terça-feira.
Em nota divulgada à imprensa na manhã desta quinta-feira, 25, a pasta afirmou que parte do problema foi solucionado e que o sistema que permite a comunicação entre órgãos do governo, dos estados e dos municípios — chamado Tramita GOV.BR do Processo Eletrônico Nacional — foi reestabelecido no final da tarde de quarta.
Mas as equipes seguem trabalhando para reestabelecer o SEI nos nove ministérios afetados, diz a nota.
O Ministério disse ainda que os serviços ofertados aos cidadãos, por meio do site oficial do governo, não foram afetados. O governo trata a falha como um “grave incidente cibernético” e, até o momento, não há relatos sobre possíveis reivindicações de autorias do ataque.
Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo para atualizações sobre o caso, a pasta informou que, até o momento, não foi identificada nenhuma perda de dados ou informações.
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Quais ministérios e órgãos públicas foram afetados?
– Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos;
– Ministério da Fazenda;
– Ministério dos Povos Indígenas;
– Ministério do Planejamento e Orçamento;
– Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços;
– Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte;
– Ministério da Previdência Social;
– Ministério da Igualdade Racial;
– Ministério das Mulheres;
– Casa da Moeda;
– Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
Quais medidas de segurança podem ser tomadas nesses casos?
Consultado pelo site IstoÉ, Julio Cesar Fort, diretor da Blaze Information Security, companhia de segurança cibernética, afirmou que a realização de testes preventivos de intrusão é uma das medidas mais eficazes para proteger informações virtuais.
“Eles permitem identificar falhas que podem ser facilmente exploradas por criminosos virtuais, possibilitando a implementação de medidas corretivas antes que um ataque real aconteça”, disse.
Segundo projeções da consultoria Gartner, os gastos mundiais com proteção e gerenciamento de riscos devem atingir a marca de US$ 215 bilhões (cerca de R$ 1,21 trilhão, na cotação atual) em 2024, um aumento de 14,3% em relação a 2023 — num demonstrativo de que o problema está no radar dos setores privado e público pelo mundo.
“Ao descobrir vulnerabilidades antecipadamente, as organizações podem identificar correções antes que os criminosos tenham a chance de explorá-las”, afirmou Fort.