Israel e Hamas chegaram a um acordo sobre a primeira fase de um cessar-fogo em Gaza, na qual está prevista a libertação dos reféns israelenses que estão vivos em troca da soltura de cerca de 2.000 palestinos após dois anos de guerra.
O Catar, que mediou as negociações junto com Egito, Estados Unidos e Turquia, informou que foi alcançada “a primeira fase do acordo para o cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação dos reféns israelenses e prisioneiros palestinos, e à entrada de ajuda humanitária”.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou na rede Truth Social que “TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos para uma paz forte, duradoura e eterna”.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (9) que o acordo para garantir a libertação dos reféns em Gaza só entrará em vigor após receber a aprovação de seu conselho de ministros, que se reunirá às 15h GMT (12h em Brasília).
Estas são as informações que sabemos sobre o acordo que deverá ser assinado nesta quinta-feira no Egito.
– O que contempla o acordo? –
Uma fonte do Hamas afirmou que o acordo prevê a libertação de 20 reféns israelenses que estão vivos em troca da soltura de 2.000 palestinos presos em prisões israelenses: 250 condenados à prisão perpétua e outros 1.700 detidos por Israel desde 7 de outubro de 2023.
A troca deverá ocorrer nas primeiras 72 horas de implementação do cessar-fogo, aprovado por outras facções palestinas, disse à AFP outra fonte do Hamas próxima às negociações. Trump apontou a segunda-feira como data para a libertação dos reféns.
O acordo também prevê a “retirada programada das tropas israelenses”, junto com a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que segundo a ONU enfrenta uma situação de fome, indicou um dirigente do Hamas.
Estima-se que pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária entrarão diariamente na Faixa de Gaza nos primeiros cinco dias após o cessar-fogo, e que esse número aumentará com o passar dos dias, disse uma fonte do movimento islamista.
Também prevê o “retorno das pessoas deslocadas” do sul da Faixa de Gaza à Cidade de Gaza e outras localidades do norte do território palestino, acrescentou este dirigente.
O Hamas pediu a Trump que pressione Israel para aplicar plenamente o acordo no que lhe diz respeito.
– Lista de presos palestinos –
Um tema-chave nas negociações é a lista de presos palestinos que o Hamas deseja incluir na troca.
Marwan Barghuti, um membro proeminente do Fatah, a facção palestina rival do Hamas, está na lista, informaram meios de comunicação egípcios ligados ao governo.
Barghuti está preso em Israel há mais de vinte anos e cumpre prisão perpétua por seu papel em atentados anti-israelenses. No entanto, ele goza de grande popularidade nas pesquisas sobre lideranças palestinas.
– Questões pendentes –
O recente plano de 20 pontos estabelecido por Trump, que serviu de base para as negociações, estipula o desarmamento do Hamas e que Gaza seja governada após a guerra por uma autoridade de transição liderada por ele mesmo.
Essas questões ainda não foram abordadas.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, expressou nesta quinta-feira sua esperança de que o acordo possa levar ao estabelecimento de um Estado palestino independente.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e os membros de sua coalizão de governo são contra a solução de dois Estados.
– Próximas etapas –
O acordo será formalmente assinado nesta quinta-feira no Egito, informou à AFP uma fonte próxima que falou sob condição de anonimato.
O gabinete de Netanyahu afirmou nesta quinta-feira que o acordo para garantir a libertação dos reféns em Gaza só entrará em vigor após receber a aprovação de seu conselho de ministros, que se reúne às 15h GMT (12h em Brasília).
“Ao contrário do que informam os meios de comunicação árabes, a contagem regressiva de 72 horas só começará uma vez que o acordo seja aprovado na reunião do gabinete, prevista para a tarde”, afirmou o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
O governo de Netanyahu é uma frágil coalizão liderada por seu partido Likud, que depende de outras formações de extrema direita. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um importante aliado do partido Sionismo Religioso, já adiantou que não apoiará o acordo.
Uma fonte do Hamas disse que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo devem começar “imediatamente”.
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