A Operação Ícaro, deflagrada na terça-feira, 12, pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), prendeu o dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e Mário Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, por suposto envolvimento em um esquema bilionário de corrupção na Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado em troca da liberação de créditos tributários. Há suspeita de que outras empresas varejistas estejam envolvidas no caso.
Antes, a Justiça paulista tinha autorizado a quebra do sigilo de mensagem do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto. Em dezembro de 2024, ele recebeu um e-mail pessoal que continha uma minuta de acordo confidencial para prestação de serviços para o Grupo Nós. Toda a negociação ocorrida por meio da empresa Smart Tax, que prestava serviço de consultoria tributária e estava cadastrada no nome da mãe do auditor, Kimio Mizukami da Silva, de 73 anos.
No ano de 2021, a professora aposentada da rede pública declarou R$ 411 mil no Imposto de Renda. O patrimônio saltou para R$ 46 mil no ano seguinte e para R$ 2 bilhões em 2024. Esse aumento nos rendimentos da empresa chamou a atenção do Ministério Público de São Paulo.
A empresa Smart Tax está registrada no endereço residencial do auditor fiscal, em Ribeirão Pires, não tem nenhum funcionário e, desde 2021, possui apenas um cliente: a Fast Shop.
De acordo com as investigações, Artur Gomes teria recebido mais de R$ 1 bilhão em propinas de varejistas. Ele foi preso em sua casa e, no local, os agentes apreenderam R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo e pedras preciosas.
O auditor aposentado Alberto Toshio Murakami também é investigado por suspeita de participação no esquema. Na apuração, as contadoras Fátima Regina Rizzardi e Maria Hermínia de Jesus Santa Clara são descritas como “assistentes nos serviços criminosos”, pois teriam ajudado na elaboração dos pedidos de ressarcimento, que envolvem documentos e cálculos complexos.
O Grupo Nós, dono das lojas de conveniência Oxxo, a Rede 28, de postos de combustíveis, a Kalunga, rede de papelaria e material de escritório, e a distribuidora All Mix também são citadas na investigação.
Nesta quarta-feira, 13, a Justiça de São Paulo manteve os decretos de prisão contra Sidney Oliveira e Mário Otávio Gomes. Para os promotores, os executivos poderiam pressionar ou intimidar seus subordinados se estivessem em liberdade nessa fase de recolhimento de depoimentos.