A reuião de cúpula histórica entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin, levanta questões sobre o que cada um espera do encontro sobre a guerra na Ucrânia e o que Kiev teme.
Para Putin, a mera realização da reunião já é uma “vitória”, disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
“O melhor cenário possível para a Rússia (…) seria um acordo que estabelecesse algum tipo de cessar-fogo”, mas que não beneficiasse a Ucrânia, segundo Sam Greene, analista do Centro de Análise de Políticas Europeias (Cepa).
Até agora, Putin exigiu quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que a Ucrânia renunciasse ao fornecimento de armas ocidentais e à ideia de aderir à Otan.
Kiev considera essas exigências inaceitáveis.
O presidente russo terá que “reconsiderar seus cálculos” se Donald Trump “assumir o controle da reunião”, acredita Daniel Fried, ex-embaixador dos EUA na Polônia e atualmente especialista do Atlantic Council.
“Quero ver se consigo impedir a matança”, declarou Donald Trump na quinta-feira. Ele mais uma vez equiparou as baixas militares russas às mortes de civis ucranianos.
O presidente americano se considera um grande reconciliador. Encerrar o conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial reforçaria sua conhecida convicção de que merece o Prêmio Nobel da Paz.
O republicano prometeu, durante sua campanha eleitoral, encerrar a guerra em um piscar de olhos. Agora mais cauteloso, ele fala em “sondar o terreno” com o líder russo e estima em 25% as chances de fracasso da reunião.
Trump afirmou que, na melhor das hipóteses, o encontro presencial será seguido em breve por uma reunião trilateral com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Ele também fala frequentemente do potencial econômico de uma relação bilateral normalizada com Moscou, um ponto que Vladimir Putin planeja abordar em Anchorage nesta sexta-feira, segundo o Kremlin.
“O melhor cenário (…) seria que a reunião (desta sexta-feira) não levasse a nenhum acordo”, já que Kiev não estaria “sob pressão” para ceder território, resume Olga Tokariuk, especialista do Cepa.
Na melhor das hipóteses, da perspectiva do presidente Zelensky e de seus aliados europeus, Donald Trump poderia impor “novas sanções” à Rússia, acrescenta.
Os líderes europeus insistem que a cúpula do Alasca deve se concentrar no cessar-fogo, sem abordar possíveis concessões territoriais.
Mas Donald Trump reiterou na quinta-feira que alcançar a paz exigiria concessões mútuas sobre “fronteiras e territórios”.
A escolha oferece vantagens logísticas.
O presidente russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, do qual os Estados Unidos não são membros, além de múltiplas sanções.
Para chegar ao Alasca, ele precisa apenas cruzar o Estreito de Bering, sem precisar passar por outro país.
O local escolhido, a base militar de Elmendorf-Richardson, é seguro e cercado.
Além disso, o Alasca é um território com passado russo, já que foi vendido pela Rússia aos Estados Unidos no século XIX.
Posteriormente, este vasto estado desempenhou um importante papel estratégico durante a Segunda Guerra Mundial e ainda mais durante a Guerra Fria.
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