A eleição presidencial está indefinida. O resultado do primeiro turno mostrou uma diferença de apenas 5,23% entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que receberam 48,43% e 43,20% dos votos válidos, respectivamente. Essa é a menor distância entre os dois candidatos mais votados para o Palácio do Planalto desde 1989. O menor índice (6,97%) foi registrado em 2006, quando Lula e Geraldo Alckmin (então filiado ao PSDB) concorreram ao cargo. Curiosamente, naquela eleição Alckmin teve menos votos no segundo turno. Ou seja, no segundo turno o eleitor ainda pode mudar de opinião. E, numa eleição tão apertada, qualquer mudança será decisiva.

O ex-presidente Lula leva uma ligeira vantagem na disputa do segundo turno, já que, no primeiro, obteve um pouco mais de 6 milhões de votos a mais que Bolsonaro. Agora, a disputa entre ambos tem como alvo o espólio eleitoral de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), o que representa cerca de 8,5 milhões de votos, além dos votos de outros candidatos e de eleitores que
se abstiveram, votaram em branco ou optaram por anular.

O desempenho nos debates pode pesar na decisão daquele eleitor que, na primeira oportunidade, não votou em nenhum dos dois

Três questões devem influenciar a corrida eleitoral. Em primeiro lugar, os debates. Os dois postulantes ao cargo se enfrentarão em alguns debates promovidos por emissoras de TV. O desempenho de ambos pode pesar na decisão daquele eleitor, que, no primeiro turno, não votou em nenhum dos dois.

O segundo ponto é a economia. Se os dados econômicos continuarem trazendo bons resultados – e essa é a tendência –, como queda de inflação, redução no preço dos combustíveis, geração de emprego, poderão beneficiar o presidente da República. Caso contrário, poderão prejudicá-lo. Por fim, vale mencionar os palanques estaduais. Alguns estados terão peso decisivo neste segundo turno. Minas Gerais, por exemplo, onde Lula teve 48,29% dos votos válidos e Bolsonaro 43,60%, praticamente reproduzindo o resultado nacional, será muito importante. O governador Romeu Zema (Novo), reeleito para mais um mandato, apoia Bolsonaro. Resta saber a intensidade desse apoio, além de sua capacidade de atrair outros apoios.

Em São Paulo, contrariando os institutos de pesquisa, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, foi o mais votado na disputa pelo governo local. Teve 42,32% dos votos válidos. Fernando Haddad (PT) ficou em segundo lugar, com 35,70%. Rodrigo Garcia (PSDB), governador do estado, ficou de fora do segundo turno e anunciou apoio a Bolsonaro.
Entre o primeiro e o segundo turnos são quatro semanas. Muita coisa pode acontecer e pesar, para um lado e para o outro.