SÃO PAULO, 29 SET (ANSA) – A Associação de Futebol de Israel (IFA) está correndo sérios riscos de receber uma suspensão da Uefa em virtude das ações do país na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. Caso seja confirmada, a medida impactará diretamente a Itália nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
Israelenses e italianos dividem o mesmo grupo e até já se enfrentaram no primeiro turno em Budapeste, na Hungria, em um jogo que terminou 5 a 4 para a Azzurra. As duas seleções se reencontrarão em 14 de outubro, em Údine.
De acordo com múltiplos veículos de comunicação, a Uefa deverá tomar uma decisão sobre suspender ou não Israel de seus torneios nesta semana. Para isso, a entidade abrirá uma votação e a maioria do comitê executivo do órgão, incluindo o presidente da Federação Italiana de Futebol (Figc), Gabriele Gravina, seria a favor da punição.
Um argumento amplamente defendido é que a Rússia foi suspensa pouco tempo depois do início da invasão da Ucrânia, em 2022, e que Israel deveria enfrentar uma punição semelhante, principalmente depois de uma comissão de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) ter afirmado que Tel Aviv cometeu genocídio contra palestinos em Gaza.
Se Israel deixar de disputar as eliminatórias europeias para o próximo Mundial, o grupo I seria reduzido de cinco para quatro integrantes (Noruega, Itália, Estônia e Moldávia). A seleção que terminasse na liderança se classificaria automaticamente para a Copa e o vice-líder iria lutar por uma vaga nos playoffs.
Contudo, os resultados recentes dos israelenses seriam deletados, o que significaria que a pontuação da Azzurra cairia de nove para seis, pois o triunfo por 5 a 4 em solo húngaro seria anulado. Além disso, os comandados de Gennaro Gattuso perderiam o único saldo de gols somado no confronto.
A Noruega, por sua vez, seguiria os mesmos passos da Itália e cairia de 15 pontos para 12, e teria seu saldo reduzido em menos dois, pois bateu Israel por 4 a 2 no primeiro turno da competição.
Outros jornais defendem que os israelenses poderão ser barrados apenas da Liga das Nações e dos torneios de clubes organizados pela Uefa, entre eles: Champions League, Europa League e Conference League. Neste caso, o Maccabi Tel Aviv seria removido da Liga Europa e não enfrentaria, por exemplo, o italiano Bologna na última rodada da fase de liga.
A Uefa é a reguladora das eliminatórias para a Copa do Mundo, mas o evento acontece em colaboração com a Fifa. Uma ação unilateral para remover Israel jogaria a pressão em cima da entidade máxima do futebol no mundo, liderada por Gianni Infantino, que é próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um aliado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Embora não esteja localizado na Europa, Israel é membro da Uefa desde os anos 1990 em razão de vários boicotes sofridos pelos membros da Confederação Asiática de Futebol (AFC) em virtude de tensões políticas. A mudança permitiu que a seleção e clubes da nação disputem normalmente torneios internacionais.
Campeão da Copa da Ásia de 1964, Israel nunca conseguiu se qualificar para uma Eurocopa e sua última participação em uma Copa do Mundo foi em 1970, no México, quando caiu na fase de grupos após perder para o Uruguai e empatar com Suécia e Itália.
(ANSA).