Com o apoio declarado do presidente Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris é a principal cotada substituir o mandatário na corrida à Casa Branca. O democrata anunciou no domingo, 21, sua desistência na busca pela reeleição após sofrer pressão por uma ala do partido, da imprensa americana e por alguns financiadores da legenda.

Devido à possibilidade de concorrer no pleito norte-americano, as posições de Kamala Harris sobre questões importantes ao país devem ser analisadas por ambos os partidos (Democrata e Republicando) e pelo eleitorado.

A vice-presidente possui extensa trajetória política como senadora e candidata à Presidência dos EUA nas eleições de 2019. Antes disso, ela atuou como promotora distrital de São Francisco e procuradora-geral da Califórnia.

Aborto

Ela já declarou apoio ao direito de aborto em nível nacional. Após a decisão da caso Dobbs versus Jackson Women’s Health Organization, que considerou que a Constituição americana não confere o direito ao aborto, ela se tornou uma peça fundamental da campanha de Joe Biden sobre o assunto.

Durante o seu período no Senado, Kamala apoiou consistentemente o direito ao aborto, incluindo uma co-produção de uma legislação que teria barrado restrições comuns em nível estadual, como exigir que médicos realizassem exames específicos ou tivessem privilégios de admissão em hospitais para fazerem o procedimento.

Ao concorrer à Presidência dos EUA em 2019, ela disse que estados com histórico de restrição ao direito ao aborto deveriam estar sujeitos ao que é conhecido como pré-autorização para novas leis de aborto – que teriam de ser aprovadas pelo governo federal antes de entrar em vigor -, mas isso não é mais possível desde que a Suprema Corte anulou o caso Roe versus Wade.

Pena de morte

Durante sua campanha ao cargo de promotora distrital de São Francisco, em 2004, Kamala se posicionou contra e pena de morte.

Com apenas três meses no cargo, ela recebeu o caso de David Hill que matou o policial Isaac Espinoza, quando ele estava em serviço. Apesar da comoção da comunidade e dos políticos locais, Kamala não condenou o rapaz à pena de morte, mas sim a detenção em uma prisão de segurança máxima na Califórnia.

Imigração

Kamala Harris teve como uma de suas missões no cargo de vice-presidente cuidar da questão sobre a migração de latinos. Em 2023, ela anunciou US$ 950 milhões em promessas de empresas privadas para apoiar as comunidades da América Central.

No ano de 2021, ela visitou a fronteira entre os EUA e o México e disse: “Essa questão não pode ser reduzida a uma questão política. Estamos falando de crianças, estamos falando de famílias, estamos falando de sofrimento”.

Recentemente, Kamala Harris apoiou um acordo bipartidário de segurança na fronteira endossado por Biden, mas Donald Trump pediu apoio aos legisladores republicanos para que o projeto não prosperasse.

Guerra na Ucrânia

A vice-presidente Kamala Harris se encontrou diversas vezes com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e demonstrou apoio à luta contra a Rússia. Ela chegou inclusive a afirmar que a população norte-americana não se cansaria em ajudar a Ucrânia, mesmo em meio a problemas de inflação no país.

“Sei que o povo americano sente uma sensação de indignação moral e um senso de responsabilidade por nossa nação em apoiar o povo ucraniano em relação a essas atrocidades”, disse, em 2023, à NBC News.

Em junho deste ano, ela participou de uma conferência na Suíça com o objetivo de definir um caminho de paz entre Ucrânia e Rússia. Na ocasião, Kamala Harris anunciou um pacote de ajuda de mais de US$ 1,5 milhão na reconstrução da Ucrânia.

“Esta guerra continua sendo um fracasso total para Putin. Estou aqui na Suíça para ficar ao lado da Ucrânia e dos líderes de todo o mundo em apoio a uma paz justa e duradoura”, afirmou Harris.

Conflito Israel e Gaza

Kamala Harris pediu, em março deste ano, um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza e descreveu a situação no local como uma “catástrofe humanitária”. Ela ainda ressaltou que a “ameaça que o Hamas representa para o povo de Israel deve ser eliminada”, mas “muitos palestinos inocentes foram mortos”.

A vice-presidente ainda enfatizou sua oposição a uma invasão israelense de Rafah, cidade no sul de Gaza onde mais de um milhão de pessoas fugiram. “Eu estudei os mapas. Não há lugar para onde essas pessoas possam ir, e estamos vendo cerca de 1,5 milhão de pessoas em Rafah que estão lá porque foram instruídas a ir para lá, a maioria delas”, completou.

Kamala afirmou em diversas ocasiões que apoia a solução de dois Estados, o israelense e o palestino.