22/10/2024 - 11:20
A vice-presidente Kamala Harris e o ex-chefe de estado dos EUA Donald Trump estão quase empatados em quatro “swing states” de acordo com as pesquisas eleitorais analisadas pelo site “FiveThirtyEight”, da “ABC News”. Em outros três estados americanos que estão “em cima do muro”, o candidato do Partido Republicano aparece ligeiramente à frente da democrata.
No sistema eleitoral dos EUA, cada um dos 50 estados possui um peso diferente para determinar o vencedor da disputa presidencial. Alguns territórios são “redutos eleitorais” dos democratas, enquanto outros são dos republicanos e dificilmente mudarão de candidato. Entretanto, sete estados americanos são “swing states”, ou seja, estão “em cima do muro” e podem decidir as eleições no país.
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Em cada eleição americana, os swing states variam. Na corrida presidencial de 2024, os estados “em cima do muro” são o Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. Para o eleitorado dos EUA, a economia ainda é o principal fator na escolha do candidato, mas cada território possui suas próprias questões que levam os votantes a escolher entre a democrata ou o republicano.
Conforme o levantamento feito pela “FiveThirtyEight” com a média das pesquisas eleitorais divulgadas até essa terça-feira, 22, os “swing states aparecem da seguinte forma:
- Arizona – Donald Trump 48,6% X 46,7% Kamala Harris – 1,9%
- Carolina do Norte – Donald Trump 48,2% X 47,3% Kamala Harris – 0,9%
- Geórgia – Donald Trump 48,6% X 47,1% Kamala Harris – 1,5%
- Michigan – Kamala Harris 47,5% X 47,3% Donald Trump – 0,2%
- Nevada – Kamala Harris 47,5% X 47,2% Donald Trump – 0,3%
- Pensilvânia – Donald Trump 47,9% X Kamala Harris 47,6% – 0,3%
- Wisconsin – Kamala Harris 47,9% X 47,6% Donald Trump – 0,3%
Arizona
Para os eleitores do Arizona, possivelmente o tópico mais premente está relacionado à geografia, já que ele compartilha uma longa fronteira com o México, tendo se tornado um foco de imigração ilegal.
Enquanto vice-presidente, coube à atual candidata democrata Kamala Harris a missão de aliviar a crise da fronteira, atacando as “causas primeiras” junto aos países vizinhos. Para muitos, ela fracassou na tarefa, e seu adversário Trump não perde a ocasião de insistir nesse ponto.
Ao mesmo tempo, esse afluxo está transformando o Arizona num dos estados que crescem mais rapidamente. Agora quase um terço de sua população é latina, e será crucial apelar para esse eleitorado. Para fortalecer sua economia, o estado vem estimulando seu setor manufatureiro. A Lei CHIPS, introduzida pelo presidente Joe Biden, aloca fundos bilionários para a construção de fábricas de chips para computadores, mas ainda levará algum tempo até elas estarem funcionando.
Vencedor em 2020: Biden, com 11 votos do Colégio Eleitoral.
Carolina do Norte
A Carolina do Norte é a última a integrar a lista dos swing states. Antes de Biden abandonar a competição, em julho, Trump contava lá com grande dianteira, a qual Harris conseguiu transformar num quase empate. No entanto, nas últimas 11 eleições presidenciais, os democratas só conseguiram vencer no estado uma vez.
O estado tem atravessado grandes mudanças demográficas, passando de 75% de brancos para os atuais 60%. Ao longo dos últimos 30 anos, sua população cresceu significativamente, tendo atraído uma ampla paleta de novos cidadãos, de veteranos militares e aposentados a jovens formandos universitários.
Vencedor em 2020: Trump, com 16 votos do Colégio Eleitoral.
Geórgia
Em 2020, Biden foi o primeiro democrata a vencer as presidenciais da Geórgia, desde 1992 – embora com uma margem de apenas 0,2 ponto percentual. Cerca de um terço dos eleitores do estado são negros – uma das proporções mais altas nos EUA e um possível elemento de vantagem para Harris.
Foi também na Geórgia que um grande júri acusou Trump e outros de tentarem anular ilegalmente o pleito de 2020. Esse processo está suspenso e não irá a julgamento antes das atuais eleições.
Vencedor em 2020: Biden, com 16 votos do Colégio Eleitoral.
Michigan
Lar da Ford, General Motors e Chrysler – agora parte da Stellantis –, o estado de Michigan é praticamente sinônimo de indústria automobilística. Os empregos no setor são importantes para a região. Recentemente Biden sustou uma invasão de veículos chineses competitivos com a introdução de pesadas taxas de importação. Além disso, a governadora do estado é a popular democrata Gretchen Whitmer, que tem sido uma pedra no sapato dos republicanos.
Ainda assim, nas primárias presidenciais de fevereiro mais de 101 mil votantes marcaram a opção “não comprometida/o”, para expressar sua frustração com Biden. Agora que ele foi substituído como candidato, Harris precisa garantir para si o respaldo desse eleitorado. Ela terá também que convencer a ampla parcela de eleitores árabe-americanos, cujo voto para os democratas está na berlinda, devido ao apoio do partido a Israel na guerra contra o grupo Hamas, na Faixa de Gaza.
Vencedor em 2020: Biden, com 15 votos do Colégio Eleitoral.
Nevada
Imigração é um tópico focal em Nevada, devido a sua localização próxima à fronteira sul. Quase um terço da população é hispânica, e uma das mais urbanas do país. A economia desse estado seriamente dependente do turismo cresceu mais do que a de qualquer outro swing state, desde que Biden assumiu a Presidência. Ao mesmo tempo, Nevada apresenta a maior taxa de desemprego do país.
Vencedor em 2020: Biden, com 6 votos do Colégio Eleitoral.
Pensilvânia
A Pensilvânia é um dos estados que mais têm sofrido com o aumento do custo de vida. Simultaneamente, o fracking a transformou na segunda maior produtora de gás natural, depois do Texas. Trump vem há muito promovendo o método de extração. Harris antes pedia sua proibição, mas agora prefere deixar as opções em aberto, embora com uma regulamentação mais rigorosa. Em 10 de setembro, o estado foi palco do primeiro – e possivelmente único – debate ao vivo entre os dois candidatos de 2024.
Vencedor em 2020: Biden, com 19 votos do Colégio Eleitoral.
Wisconsin
O Wisconsin conta com a maior percentagem de eleitores brancos de todos os swing states. Nos últimos dois pleitos presidenciais, ele teve um dos mais altos índices de participação nas urnas. Em 2016 e 2020, seus eleitores escolheram o vencedor das presidenciais por menos de 25 mil votos – uma confirmação da importância de cada cédula na urna de um swing state.
Vencedor em 2020: Biden, com 10 votos do Colégio Eleitoral.
*Com informações da Deutsche Welle