Imagine que está em França, no Louvre, querendo tirar uma foto do quadro da Mona Lisa. Dá dois passos em frente, tira 100 japas do caminho, se chega ao cordão vermelho que protege a dona Lisa, conecta o zoom do celular — a tela é mesmo pequena, pô ! — foca através do vidro antibala e dispara: “Click”. Depois você gira a câmara e consegue aquela “selfie“ mística — os dois juntos com a obra prima do mestre Leonardo decorando o sorriso mais especial do mundo. Afinal ela acabou de ser pedida em casamento, em Paris, a cidade do “amour”. E como pano de fundo, a “Gioconda” um dos grandes símbolos do amor ocidental.
Em seguida ela lhe devolve o carinho num abraço tão apertado que você tropeça e cai em cima da área restrita da pintura do mestre e derrama o suco de laranja que contrabandeou sem ninguém ver para dentro do museu em cima de um casaco rark de pele de marta anã da Sibéria – faz frio em Paris nesta época do ano. Disfarçado dentro dele está Bono Vox, o vocalista
dos U2, visitando em segredo o museu junto com a sua nova namorada, uma conhecida jovem estrela da política brasileira.

Uma câmara de segurança no teto do museu grava toda a cena — para reprodução global — com a autorização que você deu automaticamente na compra do ingresso

Ele grita. — Merde! — todos se olham, mas ninguém entende o que está acontecendo. Você não sabe onde se meter, mas o cantor e a menina também não. Logo se percebe que a merda não é por causa do seu sumo — era mesmo o calor de uma discussão, with or without you que o par de famosos estava tendo nas barbas da Mona. No meio da zona chegam os seguranças do Louvre e levam embora o casal VIP. No meio de campo, sem reparar que a parte do sumo que falhou a marta estava molhando o chão, um desses turistas japas, um muito gordão, escorrega e cai, atingindo com estrondo a parede onde a Mona Lisa estava pendurada, fazendo-a cair. Tocam os alarmes, se incendeiam as sereias, caem as janelas automáticas e as portas blindadas, tudo se fechando, criando um cenário de pânico, muito barulho vermelho e azul dando voltas na cabeça dos presentes. Uma câmara de segurança no teto do Museu grava toda a cena com a autorização de reprodução global que você deu automaticamente na compra do ingresso. Quando o Museu vender essa cena, editada, no mercado digital global e encriptada na tecnologia blockchain; ela será um momento único, irrepetível e perpétuo. Que apenas uma pessoa pode possuir, exibir e vender. Quer comprar? É o tal do “NFT” de que todos estão falando. Nota; NFT, do inglês, Non Fungible Token