Uma menina de oito anos morreu no domingo, 13, após passar três dias internada em um hospital de Ceilândia (DF) por inalar gás de um desodorante aerossol enquanto realizava um “desafio” que se popularizou em redes sociais como o TikTok, onde vídeos ensinando como “baforar” o produto para provocar desmaios são disseminados virtualmente por jovens.
De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, Sarah Raíssa Pereira de Castro foi encontrada por parentes desmaiada em sua casa segurando um frasco do produto. Segundo as autoridades, a menina sofreu uma parada cardiorrespiratória e, apesar de ser reanimada, foi constatada a morte cerebral da criança. A família afirma que ela participou de uma “trend” chamada de “Desafio do Desodorante”.
A morte de Sarah não é a primeira associada ao desafio. Em 9 de março, Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, morreu no Hospital Municipal Dr. Miguel Arraes, em Bom Jardim (PE), após inalar desodorante. Em nota, o TikTok disse que os vídeos foram “enviados para análise e removidos” da plataforma por infringirem as Diretrizes da Comunidade.
+ Desafio do Desodorante: polícia do DF apura morte de menina de 8 anos
+ ‘Desafio do desodorante’: menina de oito anos morre no DF após inalar produto
Com a instauração do inquérito policial, a 15ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal visa esclarecer se e como Sarah teve acesso à divulgação do desafio e identificar os eventuais responsáveis por sua publicação.
De acordo com a pediatra Camila Carbone Prado, médica assistente do CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade de Campinas), a inalação indevida de produtos químicos, entre eles, os desodorantes, pode causar quadros muito graves, que podem ou não resultar na morte das vítimas.
“Podem acontecer várias coisas com a pessoa. Desde arritmias cardíacas causadas pela inalação de alguns dos gases [tóxicos] existentes nestes produtos, como o butano, que podem resultar em uma parada cardíaca; a asfixia, que afeta o cérebro, comprometendo os neurônios, até, no limite, a morte”, comentou a médica em entrevista à “Agência Brasil”.
Segundo Camila, quanto mais rápido uma pessoa receber atendimento médico, maiores as chances de ela ser salva, com menos sequelas. “É importante buscar socorro o mais rápido possível. Chamar uma ambulância ou, se possível, levar a pessoa o mais rapidamente para um local de atendimento de urgência. O tempo é um fator primordial.”
Desde 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem considerado os “jogos perigosos” — hazardous games, em inglês — como um distúrbio comportamental listado na CID (Classificação Internacional de Doenças).
Os “jogos perigosos” são definidos pela OMS como “um padrão de jogatina, online ou offline, que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física de um indivíduo.
O perigo pode se manifestar tanto pelo excesso do tempo gasto com a “brincadeira” quanto pelos “comportamentos e consequências de risco” associados diretamente às regras do jogo.
Operação que desarticulou grupo acusado de crimes virtuais contra menores
Nesta terça-feira, 15, policiais civis do Rio de Janeiro realizaram uma operação para desarticular um grupo criminoso que praticava crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. De acordo com as autoridades, os envolvidos utilizavam redes sociais como o Discord e o Telegram para disseminar ódio e atos de violência.
São investigados crimes de ódio, tentativa de homicídio, instigação ao suicídio, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo e armazenamento e divulgação de pornografia infantil.
Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso se espalhava por diferentes plataformas digitais, onde manipulavam psicologicamente crianças e adolescentes, aliciando-os. A investigação contou com o apoio de duas agências norte-americanas, que fizeram relatórios sobre a atuação da organização criminosa.
*Com informações da Agência Brasil e do Estadão