O que é maconha líquida, substância apreendida pela PF no Rio de Janeiro

Agentes identificaram remessas cheias de óleo da cannabis engarrafadas com rótulos de bebida alcóolica

Envato
close up view of medical marijuana buds, bottle and dropper with hemp oil on stone surface Foto: Envato

Na manhã de segunda-feira, 6, a Polícia Federal e a Receita Federal descobriram um esquema de tráfico internacional que importava maconha líquida dentro de garrafas de whisky advindas dos Estados Unidos. Durante uma fiscalização de rotina no Aeroporto de Galeão, no Rio de Janeiro, os agentes identificaram remessas cheias de óleo da cannabis engarrafadas com rótulos de bebida alcóolica.

Não é a primeira vez que a maconha líquida ganha manchetes no estado fluminense: em 2022, a Receita Federal apreendeu mais de 1 kg da substância, que na ocasião estava sendo transportada dentro de frascos de perfumes. O caso também foi deflagrado no Aeroporto de Galeão e tinha origem nos EUA.

+ Extrato de cannabis alivia dores crônicas na lombar, segundo ensaio clínico

+ Maconha pode comprometer fertilidade da mulher, diz estudo

O que é maconha líquida?

“Maconha líquida” é um termo popular para designar óleos ou extratos altamente concentrados de compostos ativos da planta Cannabis, obtidos por processos de extração com solventes – como butano – ou por outros métodos que resultam em substâncias viscosas, oleosas ou semi‑líquidas.

De forma geral, trata-se de um extrato que isola e concentra os canabinoides – ou seja, os compostos químicos da planta, como o tetrahidrocanabinol (THC), responsável pelo efeito psicoativo, e o canabidiol (CBD), que é associado a propriedades terapêuticas. O líquido é frequentemente filtrado ou “purificado” para aumentar a concentração do THC e reduzir materiais vegetais ou impurezas, o que resulta no poder psicoativo.

Para o que o óleo de cannabis é utilizado?

Uso medicinal

Um dos principais usos do óleo de canabidiol se dá pela função terapêutica da substância. Geralmente administrado em gotas via sublingual ou cápsulas, o líquido é a base de medicamentos utilizados para tratar condições como epilepsia refratária, dor crônica, espasticidade na esclerose múltipla e para aliviar desconfortos em pacientes oncológicos.

Diversas pesquisas também já associaram o uso de óleo de maconha a amenização de sintomas de ansiedade, estresse pós-traumático, parkinson, alzheimer, transtornos de sono e até doenças intestinais.

Uso recreativo

Ainda considerada uma atividade ilegal, o uso recreativo do óleo é feito majoritariamente por meio de cigarros eletrônicos, conhecidos como “vapes”, ou em produtos comestíveis. Esses produtos do mercado paralelo buscam altas concentrações de THC para intensificar o efeito psicoativo. Os sintomas incluem relaxamento mental, alteração da percepção sensorial, aumento de apetite, etc.

Embora a tecnologia por trás dos dispositivos seja semelhante – aquecer uma substância até que ela se transforme em um vapor inalável sem queimar – as diferenças entre os vapes de nicotina e de maconha são significativos, uma vez que utilizam substâncias diferentes no processo de produção e consumo.

Eduardo Suplicy já tratou Parkinson com óleo de canabidiol

O que é maconha líquida, substância apreendida pela PF no Rio de Janeiro

Deputado Suplicy secura frasco de óleo de canabidiol

Um exemplo recente do uso medicinal da maconha líquida veio do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), de 84 anos, que revelou estar em tratamento para Parkinson com o uso de óleo de cannabis.

Diagnosticado no fim de 2024, Suplicy relatou melhora nos sintomas como tremores e dores musculares após iniciar o uso do extrato – ainda importado, já que o produto não é distribuído pelo SUS. Ele defende a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil para garantir acesso mais amplo e seguro a pacientes.

Levantamentos como a da empresa Remederi indicam que cerca de 20% das pessoas que procuram informações e tratamento com cannabis medicinal são idosos, uma vez que essa faixa etária é a que mais sofre com condições neurodegenerativas.