O prefeito de Belo Horizonte (MG), Fuad Noman (PSD), morreu na última quarta-feira, 26, devido às complicações de um câncer conhecido como linfoma não Hodgkin. A doença tem esse nome porque se manifesta no sistema linfático, sendo assim um câncer do sangue.
O conjunto linfático é composto por uma rede complexa de vasos e nódulos que transportam a linfa por todo corpo, vitalizando o sistema imunológico e circulatório. Essa abrangência faz com que o linfoma não Hodgkin possa começar em qualquer região corporal.
No caso de Fuad, a região de origem da doença foi testicular. Essa área torna a enfermidade mais peculiar do que o normal, já que assina maior risco de infiltração extrema nervosa central. Quando isso acontece, várias funções neurológicas podem ser comprometidas. Mas, segundo o médico Guilherme Perini, do Hospital Albert Einstein, o linfoma é bastante tratável e até mesmo curável.
“Infiltração em sistema nervoso central é tratável, sim, mas exige tratamentos mais intensificados e que podem comprometer a qualidade de vida do paciente. Às vezes, a resposta pode não ser tão boa e, com isso, ter um impacto na sobrevida do enfermo”, pondera o médico.
A situação fica complexa quando o paciente é portador de alguma comorbidade ou característica prévia que o deixe vulnerável ao tratamento. O prefeito de BH sofria de arritmia cardíaca, além de já possuir uma idade avançada, com 77 anos.
Dessa forma, mesmo que o tratamento iniciado em 2024 tenha mostrado resultados de remissão do câncer, a quimioterapia é um processo delicado, que pode deixar sequelas – especialmente em pacientes pertencentes aos grupos de risco (que podem incluir pessoas idosas, com hipertensão arterial sistêmica, arritmias, epilepsia, entre outros).
“O tratamento oncológico para linfoma eventualmente pode deixar o sistema imunológico comprometido. São usados, por exemplo, alguns anticorpos monoclonais que podem ter um efeito a longo prazo na imunidade do paciente. Então é uma quimioterapia com um pouco mais de toxicidade do que a primeira linha habitual do primário de testículo”, explica Guilherme.
+ Luta ao lado de Fuad Noman permitiu vitória da democracia em 2022, diz Lula
O médico ressalta que, muitas vezes, o paciente pode ter dores, perda de função neural ou diminuição de força e de movimento por causa da infiltração no sistema neurológico. Fuad, por possuir um câncer mais propício à invasão neural – além de um conjunto de comorbidades e sequelas da quimioterapia – já estava perdendo grande parte das habilidades motoras e básicas, como a própria fala.
Em 2024, outro político também foi diagnosticado com linfoma não Hodgkin – Eduardo Suplicy (PT). O deputado começou a tratar o câncer ainda no ano passado, e em novembro a enfermidade já havia entrado em remissão.