A Polícia Civil de São Paulo, com apoio das autoridades do Rio Grande do Sul, conduziu uma operação contra um grupo acusado de praticar o “golpe dos nudes” nesta quarta-feira, 17. A investigação começou após denúncia de um idoso, de 62 anos, que vive em Cândido Mota (SP), município localizado a cerca de 431 quilômetros da capital paulista, que relatou ter sido vítima da quadrilha. Ao menos 20 pessoas de outros estados também foram lesadas.

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Segundo as forças de segurança, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, sendo 14 pessoas interrogadas pelas autoridades gaúchas. Duas supostamente confessaram participação nos crimes.

As investigações iniciaram em 2022, quando um senhor, de 62 anos, teria recebido mensagens de uma mulher de Porto Alegre (RS) por meio de uma rede social. Após a conversa, o idoso começou a receber ligações de pessoas que se passavam por delegados de polícia, acusando-o de manter contato com menores de idade, exigindo uma quantia em dinheiro para que um inquérito não fosse aberto. A vítima teria pago cerca de R$ 400 mil aos criminosos.

O que é o “Golpe dos nudes”

Delitos que se utilizam de estelionato sentimental estão cada vez mais comuns. De acordo com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), 70% dos sequestros que utilizam Pix como método de extorsão começam com aplicativos de relacionamento. Uma das formas encontradas por criminosos de tirar dinheiro das vítimas é o “golpe dos nudes”, também conhecido como “sextortion”.

Geralmente, o método praticado pelas quadrilhas acontece de três formas. O primeiro é o uso de perfis falsos para entrar em contato com as vítimas por meio de redes sociais ou aplicativos de mensagem. Em conversas, o criminoso troca fotos de vídeos íntimos de menores de idade, e no dia seguinte, um suposto advogado solicita repasse de valores para evitar consequências jurídicas à pessoa que recebeu o conteúdo.

A segunda forma mais frequente de prática do “golpe dos nudes“ ocorre por meio de uma ligação no Whatsapp. Se a vítima atende a chamada, o criminoso mostra as partes íntimas e tira um print da tela, caso não aceite, o suspeito envia o conteúdo por mensagens e forja imagens dando a entender que a pessoa está trocando mensagens com alguém. Caso a quantia exigida não for paga, a ameaça é de que a conversa seja compartilhada na internet.

O terceiro método é quando um criminosos se passa por uma mulher e inicia uma conversa com a vítima. Os dois trocam fotos íntimas e, após isso, o golpista faz uma captura de tela da conversa, se passando pelos pais da criança ou adolescente, exigindo quantias monetárias para que não ocorra uma denúncia por pedofilia.

Como se proteger?

Os conselhos dados pelas autoridades são de que não se deve compartilhar fotos íntimas pela internet, já que após enviado, o conteúdo pode ser divulgado para milhares de pessoas. É recomendado que solicitações de amizade de pessoas que você não conheça sejam tratadas com desconfiança, e se a pessoa que fez o contato aparenta ser menor de idade, deve ser tomado muito cuidado.

Caso a conversa tenha acontecido por meio das redes sociais, o nome do perfil e link completo da página do suspeito devem ser salvos e inseridos em um boletim de ocorrência. O Código Civil assegura a reparação de danos morais e físicos sofridos após golpes como o dos nudes, portanto, um advogado deve ser procurado para entrar com uma ação judicial.

Se a vítima efetuou uma transferência bancária, mesmo que há alguns dias, a instituição financeira responsável pelo procedimento deve ser contatada imediatamente, para que haja um bloqueio do pagamento da quantia. Durante o pedido ao banco, deve ser registrado o nome do atendente, data, horário, e protocolo. A pessoa lesada deve registrar um boletim de ocorrência e enviar uma cópia ao SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor).