Quatro tatuagens nas mãos e duas nos pulsos de Danilo AvelarDanilo Avelar, 29, tem nove tatuagens. Todas pequenas, com significados próprios. O lateral esquerdo do Corinthians não quer cobrir o corpo de desenhos, mas foi colocando imagens e palavras, além de datas em números romanos. Nos dedos da mão direita estão uma coroa (“porque sou dono da minha vida”) e uma âncora (“significa firmeza”). No lado esquerdo, uma cruz (“proteção voltada para mim”) e um símbolo estranho no dedo do meio, um V com um círculo (“dá proteção para quem me vê”).

Nos pulsos, ele tatuou as palavras “saudade” quando estava atuando no exterior. Danilo saiu do Brasil em 2010 para jogar no Karpaty, de Lviv. “Uma cidade grande, uma das poucas que não foram muito afetadas pelos conflitos”, descreveu referindo-se a situação de beligerância entre Ucrânia e simpatizantes do governo russo. Depois, ele passou duas temporadas no Schalke 04 da Alemanha. Morou na ilha de Sardenha quando atuou pelo em Cagliari (“lugar lindo, aprendi a comer frutos do mar lá”), depois em Turim (jogou no Torino) e, finalmente, no Amiens (França). Por essas passagens, ele se considera um cara abençoado. Daí a palavra “Blessed” inscrita no pulso esquerdo.

No peito, em cada lado, as tatuagens são inscrições em números romanos com as datas de nascimento dos pais. Danilo é paranaense de Paranavaí. A família mora lá. O lateral é dono do Garden, um restaurante que virou balada com muito sucesso, mas que está voltando às origens. “Balada lota, mas a pessoa fica com um drinque só a noite toda. Vale mais ter um restaurante com famílias que comem e bebem”, explicou o homem de negócios que ainda não decidiu onde vai morar no futuro sem bola. Por enquanto, ele alugou um apartamento no Tatuapé, perto do Corinthians. “Eu fiz fisioterapia no Corinthians uns cinco anos atrás. E agora o bairro mudou muito, com prédios novos, com varandas de alto nível”, disse.

Danilo Avelar durante programa na ESPN Brasil. No novo clube, onde estreou há um mês e já disputou seis jogos, Danilo Avelar notou algumas coisas diferentes. A primeira: ambiente igualitário. “Lá todo mundo é igual. No refeitórios almoçam juntos os jogadores, os roupeiros, as faxineiras, todo mundo junto. A gente meio que abraça esta coisa de igualdade. Isso reflete em campo”, disse. A sequência de partidas domingo-quarta-domingo serviu para acelerar o entrosamento. “Taticamente, aos poucos, os jogadores sabem o que eu vou fazer só com o olhar”, falou.

Foram oito jogos em quatro semanas. Contra a Chapecoense, nesta última quarta-feira, o lateral esquerdo corintiano sentiu cansaço com 30 minutos de partida. “Aí joguei na experiência. Subi só nas horas certas”, contou o jogador que pode ser poupado da partida deste sábado contra o Atlético Paranaense.  Taticamente, ele vem atuando mais atrás. “Prefiro fazer bem lá atrás. Não dá para correr para o ataque e voltar o tempo todo. A gasolina acaba”, explicou.

Danilo Avelar acha que ainda consegue passar pelas ruas da zona lesta de São Paulo (entenda-se shopping center) sem ser parado. “Não chamo tanta atenção quanto o Pedrinho ou o Cássio. Eu tipo passo meio despercebido”, contou o novo morador do Tatuapé. Ele está em casa. Aliás, gosta de jogar na Arena Corinthians: “É gostoso, é diferente. A gente já sabe que vai ganhar. Esta é a sensação”.