Jair Bolsonaro, num primeiro momento, não gostou que o filho Eduardo ficasse nos Estados Unidos. Na terça-feira, 18, chegou a pedir que ele retornasse ao Brasil, assim como líderes do PL. No entanto, com a repercussão entre o eleitorado e a narrativa que se tem tentado construir de que o deputado é um “exilado” político, a opinião do ex-presidente mudou.
Na terça-feira, Eduardo Bolsonaro anunciou que se licenciaria da Câmara, mas, até o final desta quarta, ele ainda não havia protocolado o pedido.
Líderes do PL ouvidos pela coluna informaram que, inicialmente, a avaliação era de que o deputado iria se afastar da discussão política no Brasil, perderia protagonismo na Câmara dos Deputados e que sua permanência nos Estados Unidos poderia prejudicá-lo eleitoralmente.
Agora, no entanto, a percepção é de que Eduardo “acertou politicamente” na decisão e conseguirá se manter relevante a partir de Washington, produzindo conteúdo político para o bolsonarismo. Eles também consideram que o deputado irá “fazer barulho” no país contra o STF e que é um “político de internet”, ou seja, não precisa necessariamente estar no Brasil para manter sua relevância política e eleitoral.
Na prática, o anúncio de que deixaria o cargo, ainda que temporariamente, dominou a discussão política em um dia importante para o governo, que lançou no Congresso sua proposta de reforma da renda. De quebra, tirou do PL e de Valdemar Costa Neto o peso de colocar Eduardo à frente da Comissão de Relações Exteriores, posição que aumentaria o enfrentamento da legenda com o STF.
A tese de “exilado”, no entanto, se desmanchou depois que a PGR se manifestou contra o pedido de retirada do passaporte do parlamentar e Moraes mandou arquivá-lo. Eduardo soube do parecer de Paulo Gonet logo após anunciar sua licença.