O que aproxima e o que afasta Eduardo Leite de concorrer contra Lula em 2026

O que aproxima e o que afasta Eduardo Leite de concorrer contra Lula em 2026

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou ter disposição para “construir uma candidatura à Presidência da República” e que a disputa nacional é sua prioridade em 2026, quando também é cotado para concorrer ao Senado.

“[É] onde desejo dar uma contribuição, para apresentar uma alternativa a esta polarização que está no país e que é destrutiva (…) é muito importante buscarmos as condições de construir um projeto alternativo, é onde pretendo colocar as minhas energias em 2026 e tenho a disposição de liderar um projeto“, declarou o tucano neste domingo, 27, ao jornal Folha de S. Paulo.

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Solução e obstáculo

A fala faz de Leite o segundo governador do campo de oposição ao presidente Lula (PT) a publicizar o desejo de enfrentar o petista ou outro representante do governo nas urnas em 2026, ao lado de Ronaldo Caiado (União Brasil), chefe do Executivo de Goiás.

Os mandatários de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também são cotados, mas evitam entrar na corrida para não minar as próprias relações com Jair Bolsonaro (PL) — embora esteja inelegível até 2030, o ex-presidente reafirma a própria candidatura.

Leite não enfrenta o mesmo problema porque, além de não fazer parte da direita bolsonarista e ter se envolvido em embates públicos com o ex-presidente, tem apoio interno no PSDB para a empreitada.

Desde que perdeu as prévias presidenciais para o ex-governador João Doria em 2022, o gaúcho é considerado o nome de maior projeção nacional da legenda. Em entrevista à IstoÉ, Marconi Perillo, presidente nacional do partido, disse continuar apostando suas fichas em Leite.

A unanimidade em torno de seu nome reflete, ao mesmo, o enfraquecimento do partido, que amargou seus piores resultados da história nas eleições de 2022 e negocia uma fusão com o Podemos para não perder financiamento público de campanhas após o pleito de 2026.

Caminhos colocados

No cenário atual, a sigla já tem menos recursos do que outras do mesmo campo para estruturar uma campanha presidencial competitiva, como o próprio Leite admitiu à Folha: “Temos que ver o que desse caminho que o PSDB tomar dará condições para que eu tenha a minha participação na política, na vida pública do nosso país, não apenas do ponto de vista da oportunidade de concorrer, mas da capacidade de formular programa, de ter um projeto para o país. É isso que eu quero poder enxergar”.

Ao jornal, o tucano não negou a possibilidade de desembarcar do ninho. “Se o meu movimento for em direção a outro partido, e não a permanência no que vier a ser o PSDB na sua fusão, será por enxergar a oportunidade de não apenas participar, mas também de liderar o projeto”, afirmou.

A migração em questão pode ser para o PSD, a exemplo do movimento que Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, fez em março. No partido de Gilberto Kassab, porém, o gaúcho não encontraria o espaço que ostenta hoje. Os pessedistas chefiam ministérios no governo Lula, e o dirigente já deu sinais em direção a uma candidatura de Ratinho Júnior ou de um apoio a Tarcísio de Freitas, caso o paulista acabe sendo candidato.

Esse é o cálculo que poderia levá-lo a disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul, onde é governador em segundo mandato e, portanto, sem direito a nova reeleição. Na entrevista, Leite não mencionou ou abriu qualquer possibilidade de mirar no Legislativo.