O quarto secreto de Anitta e os retratos íntimos de artistas em seus espaços de trabalho

Fiquei impressionada com a repercussão na Internet das imagens do quarto secreto da cantora Anitta. A comediante Gessica Kayane, mais conhecida como Gkay, ficou hospedada na mansão da cantora e não perdeu a oportunidade de mostrar para o mundo um vídeo do quarto secreto de Anitta, que é repleto de brinquedinhos sexuais. Bastou a humorista mostrar o interior e classificar o local como um espaço “Christian Grey” (do filme e do livro Cinquenta Tons de Cinza) para as mídias sociais explodirem de comentários. O tema motivou a coluna de hoje, uma vez que quartos de celebridades, pintores e estúdios de arte também despertam um enorme fascínio nas pessoas (risos!)
“Um Quarto Próprio” (“A Room of One’s Own”) é o nome do projeto que, coincidentemente, está sendo lançado hoje no Taos Art Museum do México. Talvez o local não seja tão interessante para alguns como o quarto de Anitta, mas abre as suas portas para uma exposição de Meredith Garcia, com 29 fotografias de mulheres artistas trabalhando em seus quartos secretos e estúdios. Inspirados em Virginia Woolf, os curadores prepararam a exposição com alto estilo. Logo de cara, dizem “uma mulher deve ter dinheiro e um quarto próprio se quiser escrever ficção”, fazendo uma associação direta com a frase da escritora dita em 1929. Para Meredith Garcia, esse sentimento ainda se aplica hoje às mulheres artistas de Taos.
Dá para escutar a trilha sonora da visita pelo link de SoundCloud. Com isso, a sensação é quase como a de entrar fisicamente no estúdio de uma artista. Os artistas sabem intuitivamente como navegar no desconhecido e alguns deles chegam a trabalhar melhor em lugares desconhecidos para atiçarem sua criatividade. Com isso, os artistas conseguem mostrar novas perspectivas e novos rumos. A série foi criada para manter as conversas durante a quarentena e compartilhar como os artistas estão seguindo em frente neste momento de refletir sobre o que realmente importa na vida.
A história de Meredith Garcia é engraçadíssima. Ela diz que em ‘sua vida anterior’ foi neurobiologista e que passava horas e horas tirando foto micrografias de filmes preto e branco do cérebro. Apesar de ser fascinada por esse órgão e achar que é a estrutura mais bonita e complexa do universo, ela abandonou esse trabalho em 2005 e mergulhou de cabeça na fotografia, inspirada por Ansel Adams, Minor White e Jan Gruber.
No começo, como não tinha mais acesso aos quartos escuros (onde se revelam fotos especiais manualmente) ela optou pela fotografia digital. Achou o resultado chapado e insatisfatório. Em 2010, interrompeu o intenso flerte com imagens digitais e retornou ao seu primeiro amor, a fotografia em filme preto e branco. Usando uma câmera Nikon com lente de 50 mm, passou a olhar para o mundo real de uma maneira diferente, notar os reflexos e sombras ao invés de focar em objetos. Ampliou horizontes com abstrações de objetos maiores, tirando-os de seu contexto usual e olhando para eles de uma nova maneira. Segundo ela, o foco na composição é sempre intelectual e deve ser artisticamente rigoroso para produzir imagens esteticamente agradáveis.
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Já que fotografia tem tudo a ver com luz, explorou a reação físico-química entre um fóton de luz e um grão de aleto de prata para capturar imagens em papel fotográfico. Trabalha em preto e branco, assim como o yin e o yang, capturando a natureza binária do universo. Questiona o que é real e o que é ilusão e se a arte consiste em um sistema límbico se comunicando com outro, então a realidade deveria estar nos olhos de quem as vê. Suas fotografias destilam a essência do mundo real enquanto o observador é instigado para encontrar sua própria realidade dentro dessa imagem.
Os retratos íntimos e reflexivos de Meredith Garcia são de mulheres trabalhando em seus estúdios também são inspirados por uma exposição de bolsistas da Fundação Helene Wurlitzer e do Museu de Arte Harwood, localizado em Taos. Trata-se do segundo mais antigo museu do Novo México. Suas coleções incluem uma ampla gama de obras hispânicas, contemporâneos e de novos artistas financiados pela fundação sem fins lucrativos. O programa de residências da fundação é um dos mais antigos do país, proporcionando aos artistas espaço, tempo e moradia gratuita para trabalharem sem distrações no desenvolvimento de seus trabalhos artísticos.
Como membro da comunidade artística de Taos há anos, Meredith Garcia transmite por meio de suas fotografias a intimidade das ‘mulheres artistas de Taos’ em seus estúdios, destacando as características de cada uma. Há jovens e velhas, estabelecidas e emergentes, hispânicas e americanas, mulheres heteros e homossexuais e LGBTQ. Cada sessão de fotos apresentou um conjunto único de desafios como a luz, o tamanho do espaço e até a temperatura influenciaram o processo, uma vez que os registros começaram em 2019 e só terminaram em janeiro de 2020, em pleno inverno, a ponto de algumas das artistas (Christina Sporrong, Caitlyn Au e Nikesha Breeze) terem que vestir suas roupas de esquiar para a sessão fotográfica.
Meredith Garcia compara seu trabalho de fotografia de câmara escura com jazz, um estilo musical que mostra que não é necessário tocar todas as notas para conseguir uma boa música, com liberdade de expressão. A exposição abre os quartos e estúdios das artistas para o público com o intuito de destacar o trabalho artístico que cada uma produz. Mostra a multiplicidade de gostos e estilos, e diferentes locais para transmitir a mensagem de que o universo artístico não pode parar no mundo pós-COVID.
A arte é o coração e a alma da vida e se perdermos isso estaremos nos distanciando da nossa essência como seres humanos! Se tiver uma boa história para compartilhar, aguardo sugestões pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou no Twitter.
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