O presidente do PT, Edinho Silva, minimizou a pressão para encontrar um sucessor para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vê o petista como maior que o partido. A declaração foi dada em entrevista exclusiva à ISTOÉ.
Durante as eleições internas, algumas correntes do PT criticaram a dependência do partido à Lula, principalmente nas decisões sobre o futuro da legenda. A ala Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem Lula como líder, rachou com o impasse entre os principais nomes do partido sobre as candidaturas.
Edinho admite que a legenda é dependente de Lula pela autoridade que o petista impõe no cenário político mundial.
“É evidente que o PT tem uma dependência imensa do Lula. O Brasil tem uma dependência imensa do Lula. A democracia brasileira tem uma dependência imensa do Lula”.
“[O partido ser mais forte] que o Lula, não. Esquece. O Lula hoje, na minha avaliação, é o maior líder político do mundo. Não tem ninguém com autoridade política do presidente Lula hoje no mundo.
Nomes como Gleisi Hoffmann, ex-presidente do partido e ministra da articulação política, e José Guimarães, líder do partido na Câmara dos Deputados, eram contrários ao nome de Edinho Silva à presidência do PT. Já o ex-prefeito de Araraquara teve o aval de José Dirceu, nome forte do primeiro governo Lula, que articulou o apoio do chefe do Planalto à sua candidatura. Alguns interlocutores da legenda defenderam que Lula não interferisse na disputa, mas o petista deu um apoio velado a Edinho em conversas reservadas.
Entretanto, as correntes petistas admitem a necessidade de afastar essa dependência e preparar um sucesso para Lula pensando nas eleições de 2030. O presidente tem em Fernando Haddad, ministro da Fazenda, como favorito, mas outros nomes correm na disputa.
Edinho Silva nega ter um nome preferido para assumir o protagonismo pós-Lula e vê o partido como sucessor do presidente. Para ele, o fortalecimento da legenda pode alavancar a construção da próxima liderança.
“Eu vou repetir aqui uma frase que é do presidente. O sucessor dele não será um nome. O sucessor dele será o PT. Por isso que ele se preocupa tanto que o PT esteja forte, que o PT esteja organizado e que o PT tenha uma agenda de diálogo com a sociedade brasileira que dê conta dos desafios da sociedade brasileira”, afirmou.
“Se o PT estiver forte, organizado, em sintonia com a sociedade brasileira, a liderança nós construímos”.

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e presidente do PT, em entrevista à ISTOÉ
O PT e a crise de popularidade de Lula
Outro ponto que acende o alerta nos bastidores do PT é a crise de popularidade que afetou Lula nos últimos meses. Mesmo com o crescimento do petista em pesquisas divulgadas nas últimas semanas, interlocutores da legenda ainda acreditam que a imagem do petista será um dos maiores desafios de Edinho para alavancar a candidatura à reeleição.
O novo presidente do partido avalia que a crise de popularidade de Lula é provocada pela polarização política no país. Edinho admite a dificuldade de furar a bolha petista, mas comemorou a repercussão e o apoio do decreto do IOF e às ações do governo em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Essa condição de popularidade se deve, principalmente, à polarização. O presidente Lula tem entregado, tem feito muito pelo Brasil. Mas temos dificuldade de furar a bolha da polarização. Quando conseguimos? Quando temos um debate sobre Brasil. A questão do IOF e do tarifaço são exemplos disso”, afirma.
O ex-prefeito de Araraquara ainda credita parte da crise de popularidade ao Congresso Nacional e cobrou maior maturidade do Legislativo para debater as pautas para o país. Mesmo assim, Edinho acredita numa reversão da popularidade do presidente nos próximos meses para alavancar à reeleição de Lula.
“Eu não tenho nenhuma dúvida que a popularidade do presidente Lula vai ser recuperada. Eu não tenho nenhuma dúvida, mas eu penso que mais do que a gente estar debatendo a popularidade, nós deveríamos debater a maturidade como o Congresso Nacional senta à mesa e coloca em primeiro plano os interesses do país”, alfineta.