O “Protocolo da Irlanda do Norte” é um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) no âmbito do Brexit para impedir o retorno de uma fronteira física na ilha da Irlanda e preservar o Acordo de Paz de 1998.

Segundo seus termos, a região britânica da Irlanda do Norte permanece de fato dentro do mercado único europeu, o que implica controles alfandegários sobre as mercadorias que chegam do resto do Reino Unido, uma solução que desagrada os sindicalistas, ligados à coroa britânica.

– Tensões entre Londres e Bruxelas –

O protocolo da Irlanda do Norte é uma das principais fontes de tensão entre Bruxelas e Londres, que exige que seja profundamente renegociado.

O Reino Unido deseja que o direito concedido ao Tribunal de Justiça da UE de supervisionar o seu pedido seja substituído por uma arbitragem internacional.

Bruxelas se recusa, propondo apenas ajustes, e as discussões nas últimas semanas permanecem paralisadas.

Londres continua a ameaçar ativar o artigo 16, uma cláusula de salvaguarda que prevê a suspensão de certas disposições em caso de grandes distúrbios, o que aumenta o temor de uma guerra comercial entre o Reino Unido e a UE.

– Opiniões divididas na Irlanda do Norte –

O protocolo também é fonte de tensão política na região britânica, entre republicanos e sindicalistas, que durante três décadas travaram um conflito sangrento que deixou mais de 3.500 mortos.

O novo descontentamento gerou várias noites de violência no início de abril e forçou a primeira-ministra unionista da Irlanda do Norte, Arlene Foster, a renunciar. Ela foi substituída em junho por Paul Givan, do mesmo partido.

As empresas da Irlanda do Norte criticam a burocracia para negociar com o resto do Reino Unido e apelam à simplificação do protocolo. Porém, muitos empresários da Irlanda do Norte apoiam a manutenção do acesso aberto ao enorme mercado europeu.

– Comércio com o Reino Unido prejudicado –

O protocolo é responsabilizado pelas dificuldades de abastecimento na Irlanda do Norte, apesar dos períodos de carência nos controles alfandegários para alguns produtos, como carnes refrigeradas e medicamentos.

Embora a “guerra da salsicha” entre Londres e Bruxelas, anunciada por alguns jornais britânicos, tenha sido evitada até agora, a situação na região é preocupante.

A UE afirma que deseja encontrar “soluções práticas para os problemas reais que as pessoas e empresas na Irlanda do Norte enfrentam”, segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, que falou ao parlamento regional da Irlanda do Norte.

Mas o secretário de Estado britânico para o Brexit, David Frost, afirmou recentemente que “o abismo entre nossas posições continua grande” e que a suspensão do protocolo continua sendo uma opção.