Jair Bolsonaro caminha para tentar um golpe de Estado. Faz parte da sua concepção política. É um nazifascista. Não consegue conviver com as instituições democráticas, mas sempre fez uso delas para desmoralizá-las e ir paulatinamente ocupando espaço para, no final, destruí-las e tomar o poder. A história é longa. Começou na eleição de 1988 quando foi eleito vereador no Rio de Janeiro. Ao longo de 30 anos de (pífia) vida parlamentar não perdeu um momento sequer para atacar os valores consubstanciados na Constituição de 1988. Contou com a complacência dos democratas que levaram na galhofa suas diatribes reacionárias. Tudo poderia ter sido diferente se tivesse sido acionado judicialmente e até perdido o mandato, pois violou sistematicamente o ordenamento legal com declarações racistas, homofóbicas, de defesa de torturadores e ditadores, além de proclamar aos quatro ventos a “necessidade” de matar 30 mil brasileiros e fuzilar o presidente Fernando Henrique Cardoso.

O presidente contou com a complacência dos democratas que levaram na galhofa suas diatribes reacionárias, como a da “necessidade” de matar 30 mil pessoas

A falta de reação abriu caminho para que continuasse na sua cruzada nazifascista e fosse ganhando apoio de setores reacionários da sociedade. Nas últimas décadas foi construída uma narrativa cor de rosa que ocultou a presença de correntes que eram antagônicas ao Estado democrático de Direito edificado a partir de 1988. Os ultrarreacinários não tinham se convertido à democracia. Simplesmente estavam em silêncio aguardando o momento adequado para voltar a agir. Não custa recordar que a maior seção do partido nazista no exterior, nos anos 1930, estava situada no Brasil.

Ao assumir a Presidência, Bolsonaro ampliou a velocidade dos ataques à democracia, agora facilitados porque passou a deter o aparelho de Estado. Cooptou as Forças Armadas em troca de benesses. Aproximou-se das polícias militares com o intuito de transformá-las em instrumento do seu projeto golpista. A ABIN e o GSI passaram a fazer parte do “seu” sistema de inteligência. Quer – ainda não conseguiu – transformar a PF em “sua” polícia especial. Espalhou armas de grosso calibre para seus sequazes com o objetivo de tê-los como um grupamento adicional no momento do confronto final com as instituições. Estabeleceu uma rede de fake news articulada com rádios e televisões. As concessões públicas ao reproduzir as notícias falsas dão a elas a chancela de veracidade. Como no período de vida parlamentar, suas ações continuam sendo levadas na galhofa. É hora de reagir antes que seja tarde.


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