Por quanto tempo as adolescentes do início do século XXI não sonharam com a vida fictícia de Mia Thermopolis em “O Diário da Princesa”? O roteiro desse conto de fadas, típico de filmes românticos dos estúdios Disney, narra a vida de uma plebeia que, do dia para a noite, descobre que é herdeira do trono do Reino Genovia, que, claramente, só existe em sua imaginação. Na semana passada, viu-se enredo semelhante sair da tela e cair do lado de cá, o lado da vida real. Depois de quinze anos, uma brasileira, com identidade não revelada até a quarta-feira 15, decidiu contar ao mundo que tem uma filha com o príncipe Albert II, de Mônaco — a idade da menina é a mesma do tempo em que a suposta história foi mantida em sigilo pela mãe.

A notícia não se deu de forma tão tranquila como ocorre no cinema. A mulher, de 34 anos, entrou com uma ação contra Albert para reconhecimento da paternidade. O relacionamento entre ambos, se de fato existiu, começou em meados de 2004 no Rio de Janeiro, quando ele visitou o Brasil. A partir daí, ela o teria acompanhado em uma viagem à Europa. E fora nesse período que engravidara. A brasileira ainda alega que não sabia que Albert era Albert, ou seja, que o homem que estava namorando era herdeiro de Mônaco. O romance entre os dois — tudo sempre narrado por ela — incluiu altos e baixos, incluiu momentos de louca paixão e de grande ternura, incluiu paz e desavenças. Para a mãe, no entanto, a questão central não é essa — trata-se, sim, do fato de ele ter abandonado a filha e seguir negando a paternidade.

“A ausência do reconhecimento provocou sofrimento à menina, a qual tem o direito de ser tutelada. É por isso que fomos ao tribunal, após termos tentado, em vão, uma reconciliação com a família”, diz o advogado Erich Grimaldi, responsável pela ação contra o príncipe. O processo corre no Tribunal de Milão. Coincidência ou não, a presumida filha nasceu no mesmo ano de 2005 em que Albert tornou-se príncipe soberano de Mônaco após a morte de Rainier III. Agora, como toda história que envolve sexo e realeza, provavelmente virá um escândalo pela frente. Fica no ar, porém, a indagação: por que ao longo de quinze anos a brasileira manteve-se quieta? Durante todo esse tempo ela não descobriu que o homem que acusa de tê-la engravido é Albert? As repostas virão com a Justiça, que nada tem a ver com o mundo encantado dos contos de princesa.

“A ausência do reconhecimento dos laços sanguíneos causou sofrimento imensurável à menina. Por isso fomos ao tribunal” Erich Grimaldi, advogado da brasileira