Divulgação (Crédito:Divulgação)

Não eram só as mulheres que cuidavam da beleza na antiguidade. Arqueólogos da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, fizeram uma descoberta histórica na cidade de Liujiawa, região norte do País: um “creme facial” masculino datado em mais de 2,7 mil anos. O material foi achado dentro de um jarro de bronze, ao lado da tumba de um membro da realeza do período das Primaveras e Outonos, entre 770 a.C e 476 a.C, e é o primeiro indício de um produto cosmétio masculino na China.

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Lacrado por milênios, o creme é composto por gordura animal – provavelmente de vaca – e uma substância chamada “leite de lua”, um pó comum em cavernas de calcário. Especialistas acreditam que, quando usado, o produto deixava o rosto branco, traço marcante na cultura oriental. Estima-se que a reação química da mistura era eficaz no combate ao suor e à oleosidade. Como as cavernas eram consideradas místicas, o “leite de lua” era relacionado com poderes mágicos e crenças religiosas. Historicamente, cuidar da pele era um hábito restrito aos nobres, sobretudo por conta do alto custo. E o rosto embranquecido diferenciava os nobres da plebe. “O ‘leite lunar’ foi usado por pessoas da antiga aristocracia para clarear sua pele”, destaca Yang Yimin, pesquisador envolvido nas escavações.

“A Ásia tem uma tradição milenar ligada aos cosméticos e aos cuidados com a pele” Cintia Cunha, dermatologista (Crédito:Divulgação)

A vaidade do homem

A dermatologista Cintia Cunha, especializada em saúde estética, conta que há registros do Império Bizantino de produtos voltados para a pele e o cabelo feitos de leite e mel. “A Ásia tem uma tradição milenar de cuidados com a pele e a produção caseira”, diz. “Esse achado confirma que os homens fazem parte deste universo muito mais do que a gente imaginava”, ressalta. Historiadores da Academia de Ciências Chinesa teorizam que o creme facial já era comercializado na sociedade quando passou a ser utilizado por homens. E sua mera existência mostra que a vaidade não é só um traço do homem metrossexual contemporâneo. Ela já se manifestava claramente na antiguidade.