Essa semana li a notícia que Jair Bolsonaro acredita que será preso assim que deixar a Presidência. Pela primeira vez, sou obrigado a concordar com ele. A quantidade de crimes cometidos desde que assumiu o cargo é tão grande que a pilha de inquéritos começaria em Brasília e terminaria em Rio das Pedras. O mais curioso, porém, é ver que o presidente vestiu a carapuça: pessoas inocentes não costumam temer a prisão.

Fontes próximas têm dito que Bolsonaro anda “transtornado”. Me parece um análise bastante adequada. Sua linguagem corporal não mente: está sempre nervoso, incomodado, vociferando críticas aos outros. É uma figura perturbada, que não consegue enxergar que o maior problema do País é o seu próprio comportamento. Como personagem, seria uma ótima fonte
de inspiração para os humoristas. Infelizmente, o Brasil de hoje não nos dá motivos para sorrir.

Um segundo governo Bolsonaro seria uma catástrofe tão grande que dá ânsia no estômago só de imaginar. O fato de ele ter um único voto já me soa algo absurdo, mas uma vitória no voto seria uma aprovação oficial de que ele pode fazer o que quiser que sairá impune. Seria também a chance de ouro para concluir a missão de destruir as instituições brasileiras: da Polícia Federal ao Ibama; do Ministério da Educação à Funai; da Economia ao Itamaraty; da Cultura à Justiça; tudo que recebeu atenção do presidente foi dilacerado. É o toque de Midas ao contrário: em vez de virar ouro, tudo que ele toca apodrece.

Bolsonaro acredita que será preso ao deixar a Presidência. O mais curioso é ver que ele vestiu a carapuça: inocentes não costumam temer a prisão

A vocação para prejudicar o País  é inequívoca, mas desde que não dê trabalho. Afinal, dá para contar nos dedos de uma mão os dias em que o presidente fez algo para o País, e não apenas para si próprio. Suas diversas atividades não incluem a prática de governar, mas a usar o Twitter, sair  em motociatas, passear de jet ski, encontrar-se com apoiadores inexpressivos e visitar formaturas de policiais e militares.Política? Não teve paciência. No mais alto cargo do País, não teve competência sequer para criar um partido – lembrando que no Brasil há 32 agremiações organizadas por gente com expressão bem menor. Essa inação não chega a ser uma novidade quando lembramos de sua ficha corrida como deputado: em 27 anos, aprovou apenas dois projetos – ambos patéticos. Pensando bem, se o Brasil já está esse desastre sem o presidente trabalhar, imagine como estaria pior se ele tivesse tentado fazer alguma coisa.