Se você está em casa sem nada para fazer, recomendo um passatempo divertido: acompanhar a agenda do presidente da República no site oficial do Planalto. É uma sequência tão grande de atividades inúteis que dá a impressão de que o verdadeiro objetivo dele ao ganhar a eleição era ter mais tempo livre. Enquanto milhões de brasileiros sofrem sem emprego, Bolsonaro aproveita o horário de trabalho para mandriar. Em 19 de novembro, sexta-feira, sua primeira agenda começou às 14h30 e acabou apenas uma hora depois. Os compromissos raramente terminam depois das 18h, afinal o presidente precisa chegar logo em casa para poder continuar a fazer nada lá. Quase nunca há programação aos fins de semana, mas acho que isso se deve à situação tranquila em que vive o País hoje em todas as áreas – sim, estou sendo irônico.

Da Economia ao Meio Ambiente, passando pela Saúde e a Educação, o País está nas mãos da equipe ministerial mais incapaz da história. Inflação, fome, garimpo ilegal, pandemia, analfabetismo: será que esses problemas foram causados por
espiões chineses ou venezuelanos? Quando a agenda do presidente não está vazia ou traz audiência com algum dos inúmeros políticos inexpressivos recebidos, ela geralmente remete a algum evento ligado aos militares.

A agenda de Bolsonaro é repleta de atividades tão inúteis que dá a impressão de que ele quis ganhar a eleição para ter mais tempo livre

Nos últimos dias, Bolsonaro esteve na diplomação de cadetes em Resende, na serra carioca, acompanhou a cerimônia de conclusão de curso de sargentos da Aeronáutica, em Guaratinguetá, São Paulo, e participou da formatura do 76º aniversário da Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro. O que isso traz de positivo ao País? Ninguém sabe. Na segunda-feira, 29 de novembro, houve uma reunião com o senhor Alfredo Alexandre de Menezes Júnior, que foi recebido por uma razão extremamente relevante para a melhoria de vida do povo brasileiro: ele é amigo de Bolsonaro. E só.

Há algo, no entanto, que me deixa profundamente satisfeito quando vejo essa lista patética com tantos compromissos irrelevantes do presidente. Pode soar como um paradoxo, mas fico imaginando a situação em que o Brasil estaria se Bolsonaro decidisse trabalhar. Se ele se esforçasse para que o País seguisse suas crenças, ouvisse o que ele tem a dizer ou votasse os projetos que lhe interessam. Acho que estaríamos em uma situação mil vezes pior. Pensando bem, é melhor deixar a agenda do presidente em paz.