Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

O presidencialismo de coalizão em Lula 3 já não é o mesmo do passado

Livro se debruça sobre o Lula 3, e mostra direita fisiológica mais ideológica

O presidencialismo de coalizão em Lula 3 já não é o mesmo do passado

As regras do jogo mudaram — e o governo Lula 3 precisou se adaptar. O modelo de presidencialismo de coalizão, que marcou a política brasileira nas últimas décadas, permanece em vigor, mas perdeu traços fundamentais. A constatação é do cientista político Claudio Couto, da FGV, em artigo incluído no livro “Governo Lula 3: reconstrução democrática e impasses políticos”, que será lançado neste mês pela Editora Autêntica.

Organizada pelos pesquisadores Fábio Kerche e Marjorie Marona, da Unirio, a coletânea reúne análises de mais de 50 especialistas de universidades como UFMG, UnB, FGV, Unicamp, USP e UERJ sobre os primeiros anos do atual mandato presidencial. A proposta é examinar como Lula tem enfrentado o desafio de governar em um país com instituições transformadas, uma sociedade polarizada e uma oposição digitalmente organizada.

No capítulo assinado por Couto, o foco está nas novas dinâmicas entre Executivo e Legislativo. O autor aponta que o avanço do Congresso sobre o orçamento federal — com a institucionalização de emendas impositivas e a criação do orçamento secreto — reduziu o espaço de manobra do Planalto para montar sua base de apoio. Em paralelo, partidos de direita que tradicionalmente aderiam a qualquer governo se tornaram mais ideológicos e menos propensos ao pragmatismo das trocas por cargos e verbas.

Esse novo equilíbrio de forças, segundo o cientista político, obrigou Lula a buscar governabilidade em outras frentes — entre elas, uma aproximação mais evidente com o Supremo Tribunal Federal, em meio às ameaças da extrema-direita à democracia e ao distanciamento crescente entre Planalto e Congresso.

O livro também trata de outros eixos relevantes para entender o momento político atual. Em um dos capítulos, os cientistas políticos Marisa von Bülow e Max Stabile analisam a desvantagem da esquerda nas redes sociais, terreno onde a direita ganhou força a partir das manifestações de 2013 e consolidou hegemonia com a eleição de Jair Bolsonaro. Apesar de alguma reação durante a pandemia, os autores avaliam que a esquerda ainda está atrás — um ponto de atenção para Lula na disputa eleitoral de 2026.

Com enfoque múltiplo, Governo Lula 3 percorre temas como políticas públicas, comunicação e o papel dos Poderes, partindo de um diagnóstico claro: reconstruir é preciso — mas está longe de ser simples.

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