Binyamin Netanyahu já demonstrou diversas vezes a capacidade que tem para reverter situações em que se encontre politicamente emparedado — tanto é assim que carregará o título de primeiro-ministro mais longevo (doze anos) a comandar Israel, marca que dificilmente será superada por outro premiê e que, se dependesse somente de sua vontade, ele mesmo é que iria batendo o seu próprio recorde. No início da semana passada, no entanto, a queda de Netanyahu parecia inevitável. Pela primeira vez, os campos ideológicos israelenses da direita, centro e esquerda deram-se os braços e exigiram a sua saída. O que essas três correntes possuem em comum? Resposta: o repúdio total a Netanyahu e as acusações que o cercam — suborno e fraude na área da Justiça mais corrupção generalizada por todo o país. Naftali Bennett, que comanda o partido de ultradireita Yamina, anunciou em pronunciamento televisionado que aceitara integrar a coalizão que quer um novo governo israelense, apesar de tantas nuanças ideológicas — a coalizão foi toda costurada do ponto de vista político pelo líder da oposição, Yair Lapid, que

Sebastian Scheiner

representa o posicionamento de centro. À esquerda estão os partidos Trabalhista e Meretz. “É hora de assumirmos responsabilidades”, declarou Bennett. “Chegou o momento para um novo governo”, pronunciou-se Lapid. “Estamos diante do período histórico de unir religiosos e laicos e todas as forças políticas representativas de Israel”. Quer o premiê fique ou caia, a história de Israel não mais será a mesma.


Nós poderíamos ter ido para uma quinta e sexta eleição, até que a casa desabasse nas nossas cabeças, ou poderíamos parar com essa loucura e assumir. Fizemos isso e assumimos responsabilidades
Naftali Bennett, líder do partido de ultradireita Yamina

Momentos e movimentos

Khalil Hamra

10 de maio
Teve início, em Gaza, os bombardeios entre Israel e o Hamas. Binyamin Natanyahu conseguiu por alguns dias desviar as atenções que se voltam contra ele devido às acusações de corrupção e fraude na Justiça. Com o cessar-fogo, a oposição se fortaleceu

30 de maio
O ultradireitista Naftali Bennett aderiu aos seus históricos adversários no objetivo comum de derrubar o premiê

2 de junho
Último dia para o líder da oposição, Yair Lapid, de centro, formalizar a coalizão

DESCOBERTA
Degelo nos Alpes revela objetos da Primeira Guerra

Divulgação

As geleiras que estão se derretendo na região dos Alpes que se localiza ao norte da Itália tem trazido à luz objetos que compõem parte da histórica da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Além de ossadas, o que em nada surpreende, o degelo tem revelado xícaras, lamparinas, talheres e até cartas que se mantiveram conservadas sob a ação do gelo. Tais itens estão em cavernas, próximas ao Monte Scorluzzo (três mil metros de altitude). As áreas vasculhadas por pesquisadores foram ocupadas por combatentes austro-húngaros — eles lutavam contra tropas italianas, em batalhas chamadas de “guerra branca”, devido ao gelo. A maioria das mortes não se deram em decorrência dos combates mas, principalmente, devido às geladas temperaturas.

Estamos interessados não apenas no aspecto histórico, mas também no científico. Como eram as condições epidemiológicas no local? Como os soldados reagiam a tanto sofrimento? Stefano Morosini, historiador

ARTE

ÓLEO SOBRE TELA Paulo Whitaker: “Busco imagens que criem desconforto e plenitude” (Crédito:Divulgação)

Primeira mostra individual de Paulo Whitaker

“Ressignificar de forma dessignificada”. Tal proposta só poderia vir a partir dos questionamentos de um artista que possui uma mente inquieta e criativa — sempre com a finalidade de explorar a existência humana. É isso que Paulo Whitaker quer mostrar em sua primeira exposição individual, na qual reúne oito obras em óleo que mesclam pinturas e desenhos desenvolvidos ao longo de sua vida. “Sigo buscando imagens que me deixem em estado de suspensão, uma situação que crie um certo desconforto ao mesmo tempo que alguma plenitude”, disse Whitaker. Seu trabalho está apresentado nos elementos: forma, cor, figura e fundo. A exposição tem Ricardo Kugelmas na curadoria e está em cartaz em São Paulo, na Galeria Millan, até o dia 26 de junho.