Que a internet é um lugar disseminador de conteúdos diversos não é novidade. Mas, este ano, o movimento Black Lives Matter, que começou em razão da violência racial nos Estados Unidos, fez com que o racismo fosse discutido no mundo todo. “Foi a primeira vez que eu vi pessoas não pretas entendendo que, para você ser alguém que não é a favor do racismo, é preciso fazer uma ação, é preciso ser antirracista”, coloca Bielo Pereira.

Negra, gorda, trans, influenciadora, apresentadora, empresária e podcaster. Desde pequena, Bielo carrega diversos marcadores sociais e assim criou uma proteção para lidar com o preconceito. “A gente é muito ensinado a se ver com o olhar do outro. Então o preconceito, para mim, é muito mais um problema do outro do que meu. Eu sempre me vi com o meu próprio olhar”, conta ela.

Com 27 anos, a paulista conta com 159 mil seguidores nas redes sociais, nas quais fala sobre suas causas com positividade e boa autoestima. E, justamente por essas características, foi convidada pelo GNT, em julho, para apresentar a primeira temporada do programa Coisa Boa Pra Vc, que trazia fatos otimistas do mundo durante a quarentena. O convite surgiu depois de um vídeo sobre privilégio branco do Canal Quebrando o Tabu, no qual ela participou, estourar. “A minha maneira de educar é passiva.”

A formação em lazer e turismo pela Universidade de São Paulo serviu como base para contar sobre suas experiências no mundo corporativo em palestras e consultorias da sua empresa Diversidade In Company. Além de trazer situações de preconceito que sofreu, assim como seus sócios Jean Ícaro, mestre em psicologia social, e o executivo Felipe Kino, eles buscam falar sobre diversidade e inclusão. Para ela, falar sobre suas causas – seja pela empresa, seja pelas redes sociais – é essencial para que as pessoas barrem o preconceito antes de virar discriminação. “O preconceito todo mundo tem. A discriminação é o ato por preconceito.”

Durante as conversas sobre diversidade, a comunicadora percebe que as pessoas admitem ter preconceito com pessoas gordas e LGBTQIA+, porém, o racismo dificilmente é confirmado. Ao ser questionada sobre o que é possível fazer para mudar a desigualdade racial no País, ela cita o “teste 360”. “Olhe em volta e pense se você só está cercado de pessoas iguais. Você vai conseguir diminuir a diferença, a desigualdade, trazendo sempre pessoas pretas para onde você está.”

A transição foi também o reencontro com um amor antigo: a moda. Quando começou a se vestir de maneira mais feminina, Bielo passou a se posicionar politicamente por meio de suas roupas. “Você chegar e mostrar a pele, mostrar o corpo e mostrar que está genuinamente bem com aquilo… é sobre isso, sabe?”, divide ela, que sempre foi apaixonada pelo universo fashion. “Hoje, a maior arma que eu tenho contra o preconceito é viver a minha vida da maneira que as pessoas acham que eu não deveria.”

Brilho, cor, estampas e ousadia resumem o estilo da influenciadora. “Tudo que eu falo está estampado na minha cara. Então, se tudo já está ali, tenho que mostrar o que sai quando abro a minha boca, para ir além do que a pessoa está vendo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.