Antes dos 30, Claude Lanzmann já estava em Paris, frequentando os meios intelectuais. Trabalhou na revista Temps Modernes e foi secretário de Jean-Paul Sartre. Por sete anos, viveu uma intensa relação com Simone de Beauvoir, quase 20 anos mais velha. Cineasta, não foi pioneiro na abordagem no Holocausto, mas, em seu documentário mais famoso, Shoah, com mais de 9 horas de duração, conseguiu mostrar imagens nunca antes divulgadas dos campos de extermínio – Treblinka, Sobibor, Auschwitz. Filmou do ponto de vista das vítimas e também dos alemães, que negavam sua responsabilidade.

Antes dele, no começo dos anos 1970, Marcel Ophüls já fizera Le Chagrin et la Pitié, justamente abordando a responsabilidade dos franceses durante a ocupação. Embora com abordagens diferentes – Ophüls filho investigou o cotidiano de uma cidade, Clermont-Ferrand, a partir de documentários de época e cinejornais, para expor o colaboracionismo -, ambos os filmes se completam e dão uma visão crítica consistente do período. Lanzmann foi mais polêmico com outro documentário, Tsahal, com mais de 5 horas, ao focar as Forças Armadas de Israel. Para ele, o país fundado sobre a memória de um massacre, tinha todo direito de se defender. No ano passado, mostrou em Cannes Napalm, retratando a Coreia do Norte 60 anos após a (quase) destruição do país pelas bombas norte-americanas. O filme esteve longe de ser uma unanimidade, mas isso pode ser creditado ao início das animosidades do já presidente Trump com o ditador da Coreia do Norte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.