A espécie políticus brasilenses é muito comum no centro do Brasil e tem causado extremo mal ao ecossistema local.

Os primeiros registros desse animal remontam à metade do século passado, quando foram atraídos pela fartura de recursos da região.

Cientistas garantem que o crescimento da população desta praga deve-se a ausência de inimigos naturais. Então os corruptus se esbaldaram, figurativamente, claro.

Ao longo do tempo foram registradas duas sub-espécies desse pequeno, porém, violento animal: o politicus corruptus e o politicus honestus.

Politicus corruptus é a variante alfa, dominante.

Uma corrente de cientistas afirma que o corruptus é uma mutação do honestus.

Por serem muito agressivos, teriam aos poucos conquistado todo o território da savana política e ocupado o espaço outrora dominado por seus ancestrais mais pacíficos.

Outros estudiosos garantem que o honestus, apesar da semelhança na plumagem, é uma outra espécie, completamente diferente, que simplesmente desapareceu ou mesmo se transformou no corruptus num processo metamórfico.
Jamais saberemos quem está correto, porque o honestus está praticamente extinto.

O ciclo de vida de ambas as variantes é muito parecido, o que torna ainda mais complexa a diferenciação.

Por exemplo, ambos se alimentam de populismo e apesar dos corruptus serem selvagens, comem na mão de qualquer estranho porque sabem se aproveitar de processos parasitórios.

Assim que saem do ninho, e dão seus primeiros passos, os politicus chamam a atenção por estarem sempre grasnando.
Gregários, você pode reconhecer politicus de longe porque estão sempre cercados de animais conhecidos como assessorus, que muitas vezes servem apenas para assumir a culpa dos estragos causados pelos corruptus. Figurativamente, claro.

São geralmente escolhidos como representantes de classe, síndicos de condomínios, presidentes de centros acadêmicos, figurativamente.

A essa altura, muito tenros, nem mesmo um especialista saberia diferenciar um honestus de um corrupto.
Quando entram para a adolescência, fase que os biólogos chamam de “Militância”, os politicus ficam ainda mais barulhentos.
Chatíssimos.

Ainda incapazes de voar, podem ser vistos caminhando juntos com cartazes, gritos de guerra e coquetéis molotov. Figurativamente, claro.

Há alguns anos, um casal de politicus nessa fase da vida foi capturado para estudos.

Os dois animaizinhos, carinhosamente batizados de Gleisi e Lindbergh, eram tão estridentes que os cientistas acabaram por soltá-los.

– Infelizmente tivemos que deixá-los ir depois de algumas horas, tamanha a algazarra que fizeram. Praticamente destruíram o laboratório – lamentou o cientista chefe do estudo.

Com o tempo, os politicus dão seus primeiros vôos.

Geralmente com o auxílio de algum exemplar mais experiente, conhecido como padrinhus politicus.

É aqui, ao que parece, que começa a surgir a diferenciação entre corruptus e honestus.

Em vôos curtos, locais, os politicus tem a chance de colocar em prática o que aprenderam.

Se alimentam de farelos.

Uma ou outra sobra de campanha de politicus mais experientes.

Eventualmente um ou outro achaque a uma obra pública.

Mas é na maturidade que os politicus corruptus realmente mostram toda sua exuberância.

Articulados, disputam freneticamente a liderança de suas matilhas, sem nenhum escrúpulo.

Insaciáveis, atacam tudo que vêem pela frente, como aves de rapina.

Há registros de canibalismo.

São capazes de devorar desde verbas de ambulâncias e merendas escolares até universidades e hospitais inteiros.

Figurativamente.

Nessa fase já não há mais dúvida.

Estamos diante de um legítimo corruptus.

O que nos dá alguma esperança é que importantes exemplares de corruptus foram capturados e não estão mais em seu habitat natural.

Não existe registro de reprodução em cativeiro, o que é uma grande notícia.

Mas é preciso apoiar os trabalhos dos cientistas que atuam para acabar com essa praga.

O próprio IBAMA se manifestou e informou que, em ano de eleição, a caça aos politicus corruptus está liberada em todo território nacional.

Figurativamente, é claro.