Carlos Helí de Almeida Foto Reprodução Irônico e sedutor até o último fio de cabelo grisalho, George Clooney só trabalha em filmes que lhe interessam, com roteiros provocadores. Virou uma dos maiores estrelas de Hollywood de nossos tempos. Aos 50 anos de idade, o ex-galã de Plantão Médico é um homem engajado em causas políticas e sociais e escolhe cuidadosamente os filmes em que atua ou dirige. É também um solteirão convicto, mas um namorador de plantão. Ainda assim, dribla a indústria de celebridades e tira as fofocas de letra. ?Minha tia é uma cantora famosa e meu pai trabalhou durante muitos anos na tevê. Sei como lidar com lidar com a fama?, diz o ator, dono de um Oscar por seu desempenho em Syriana (2005), durante o Festival de Londres, onde foi promover Tudo Pelo Poder, seu novo trabalho como diretor. Na história, que entra no circuito brasileiro dia 23, Clooney toma para o si o papel de Mike Morris, governador que disputa a indicação do partido Democrata para a corrida à Casa Branca, coprotagonista de uma trama que envolve traição e corrupção. Baseado na peça Farragut North, de Beau Willimon, o filme devolve Clooney ao território que o consagrou como realizador: o do drama de fundo político. Qual foi o aspecto mais complicado de interpretar um político? Acho que é lidar com a tremenda quantidade de ego de um político. Vocês pensam que atores têm um ego gigante, o que é verdade, mas o ego dos políticos é muito maior (risos). Seu pai concorreu a uma vaga como vereador distrital no estado de Kentucky, em 2004. Teve alguma ajuda dele para construir o seu personagem em Tudo Pelo Poder? Há alguns elementos que consegui em conversas com meu pai. Minhas cenas no carro com Jennifer Ehle, que interpreta a mulher de meu personagem no filme, foram resultado direto de conversas que tive com ele sobre suas experiências de campanha. Há também aspectos sobre uma campanha política que aprendi com ele, como a tradição de apertar as mãos de gente que normalmente não apertaria normalmente. Infelizmente, é assim. Tem intenção de algum dia concorrer a um cargo público? Tenho uma vida muito confortável e não pretendo abandoná-la (risos). Mas isso não quer dizer que não continuarei a expressar minhas posições. Meu bisavô foi prefeito da cidade dele, meu pai foi apresentador de noticiário de tevê por 40 anos, antes de se aventurar em uma campanha política. Algumas das maiores mudanças no meu país nessas áreas aconteceram na minha infância e juventude e, portanto, fui criado para contribuir e participar ativamente das questões nacionais. E continuarei fazendo isso, muito embora isso afete, de vez em quando, a minha popularidade. Fiz campanhas por mudanças no Sudão e Dafur, por exemplo, e sempre ficarei feliz por oportunidades como essas ? mas como cidadão, não com os compromissos de um político. Os bastidores de Hollywood são tão maquiavélicos quanto o Congresso americano? Acredito que o cinema como indústria, como negócio, pode abrigar muita gente assim, que queira esfaquear as pessoas pelas costas. Mas existe uma certa dose de generosidade entre os atores que não se vê entre os políticos (risos). Tenho certeza que vocês, da imprensa, gostariam de cortar a cabeça de alguns atores com os quais já cruzaram, mas a maioria deles é muito gentil um com o outro. Porque somos tão afortunados por estarmos na posição em que nos encontramos, fazendo o trabalho que amamos. Somos privilegiados e temos a noção exata de que não é só por nosso brilhantismo que chegamos aonde chegamos. É resultado de uma série de felizes acidentes que encontramos ao longo do percurso. Sente-se frustrado quando as questões sérias levantadas em seus filmes são ofuscadas pela curiosidade em descobrir que grife está vestindo ou com quem o senhor está saindo? Na verdade, compreendo bem os dois lados. Minha tia (Rosemary Clooney) é uma cantora famosa, meu pai trabalhou anos na televisão, durante muito tempo fiz parte do elenco de um bem-sucedido seriado de tevê (a série Plantão Médico). Então, sei bem o que é lidar com esse aspecto da celebridade. Mas sempre foi preferir falar sobre meus filmes do que minha vida particular. Siga Gente no Twitter!