O plano da ONU para os 60 primeiros dias após o cessar-fogo em Gaza

A ONU afirmou que está pronta para lançar, em seguida à entrada em vigor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, um plano de 60 dias para ajudar a população do território devastado, para o qual dispõe de 170 mil toneladas de ajuda.

Centenas de caminhões por dia serão mobilizados para implementar o plano de ajuda a uma população à qual Israel não permite há meses o acesso a alimentos e medicamentos, entre outros itens de primeira necessidade.

“Nosso plano, detalhado e testado, está em andamento. Nossos suprimentos – 170 mil toneladas de alimentos, medicamentos e outros bens – estão disponíveis. Nossas equipes corajosas, experientes e decididas estão preparadas”, disse nesta quinta-feira (9) Tom Fletcher, chefe humanitário da ONU, na Arábia Saudita.

– Água e alimentos –

“A fome deve ser revertida nos lugares em que se enraizou, e prevenida nos demais”, acrescentou Fletcher.

O plano vai oferecer ajuda alimentar a 2,1 milhões de pessoas, e assistência nutricional mais específica a 500 mil que sofrem de desnutrição severa. Ele inclui o apoio a padarias e cozinhas comunitárias, e dinheiro em espécie para que 200 mil famílias comprem os alimentos que desejarem.

A ONU também pretende fornecer serviço de água e esgoto a 1,4 milhão de pessoas. “Vamos ajudar a reparar a rede de distribuição de água e os vazamentos de esgoto. Vamos retirar os resíduos das áreas residenciais e oferecer produtos de higiene”, informou o funcionário da ONU.

– Saúde, educação, abrigos –

A ONU vai trabalhar para restaurar o sistema de saúde, que foi “dizimado”, fornecer mais equipamentos e medicamentos, aumentar as evacuações médicas, mobilizar mais equipes de emergência e fortalecer o atendimento básico e a saúde mental.

Está prevista a distribuição de milhares de barracas de campanha por semana. O plano também inclui a reabertura de centros de ensino temporários para 700 mil crianças.

– Dinheiro necessário –

“Para que tudo isso seja possível, precisamos de dez coisas”, disse Fletcher, que mencionou, entre essas condições, a entrada de “ao menos 1,9 milhão de litros de combustível por semana”, o restabelecimento do gás de cozinha e a abertura de todos os postos de fronteira com mais scanners, para agilizar a autorização dos envios e a segurança. E também que a população assistida possa ter livre acesso à ajuda enviada, assim como fundos para o plano.

“Até o momento, apenas 28% do plano humanitário de US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões) para 2025 nos territórios palestinos foi financiado”, lamentou o funcionário.

A ONU vai precisar de fundos para superar as 170 mil toneladas de ajuda – principalmente em Israel, Jordânia, Egito e Chipre -, que não serão suficientes para cobrir os primeiros 60 dias. “Sejamos claros: este problema não vai desaparecer em dois meses”, ressaltou Fletcher.

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