Famoso por suas garras, patas, carapaça, carne saborosa, sabe-se, agora, que o caranguejo inspira um plano de governo. Uma de suas características mais intrigantes está na troca da carapaça, quando já gasta, que o protege contra dos predadores, tal quando chafurda na lama dos manguezais ou se hospeda em conchas vazias. Anda para frente, para trás e velozmente para ambos os lados, com suas dez patas (duas da frente com garras defensivas), um crustáceo com duas hastes e seus olhos atentos e desconfiados. O governante nele se inspirando, em campanha, vem com a primeira carapaça e se exibe, com promessas e planos, quando eleito os coloca em prática. Monta um qualificado ministério e de bandeja, aprova uma esperada legislação aos inativos. Dá um enorme passo à frente!

De repente, por ciumeira desmedida, imaginando que alguns de seus auxiliares estão invadindo seu objetivo (que em campanha não era), ao invés de exaltar suas escolhas, despe a primeira carapaça. Com a segunda, demite os bons, um dos grandes avalistas de seu governo e outro com competência para enfrentar momento grave, a favor do povo; os substitui por quem o obedeça cegamente, onipotência afastada pelos demitidos. Deu dois péssimos passos para trás. Seguindo o plano do caranguejo, se despe da segunda carapaça, com a terceira, anda velozmente de um lado para outro, trazendo mais companheiros de outrora, para qualquer cargo. Outros novos amigos, dentre eles dois irmãos, um seu vizinho e o outro um ministro, sem educação, que tombou tarde e zarpou para a América. Deu, então, incontáveis passos para os lados!

Confia cegamente em três conchas protetoras e numeradas de um a três, em clara troca de proteções, já que também as protege. Confia em uma concha maior, só vista nos Estados Unidos, peça que não compartilha com nada à sua esquerda! Põe ministro, tira ministro a pedido, sem pedido, decreta, revoga o decreto, demite, altera a data da demissão, se irrita só de ver um jornal, mas adora mandar mensagens, lança um audacioso plano, que não saiu do papel, põe máscara, tira máscara, fica calmo e logo esbraveja, briga com poderosos de outros poderes, faz as pazes e briga novamente, a conhecida “dança do caranguejo”.

Quarta carapaça: vendo as três conchas trincar, chama a seu lado seus inimigos (que dizia também o serem do povo) caminha trôpego, se enterra cada vez mais! O que o plano do caranguejo não previa, é que com estas idas e vindas, desnorteado, despreparado, inseguro, frágil, pode cair, entrar em fervura ou na panela de pressão, até perder seu poder. Pior, depois disso, suas patas (apreciadas pelos glutões), podem ser quebradas a martelo, sem precisar de foice.

Monta um qualificado ministério e, de bandeja, aprova uma esperada legislação aos inativos. Dá um enorme passo à frente!